Nossos bons ídolos, onde estão?

Quem nutria dúvidas sobre a importância da permanência de Neymar no Brasil, ontem, as dirimiu por completo. Inclusive eu, que vi antigas ponderações e contestações diluídas pela chuva que caiu forte em São Januário.

Mais que marketing, dinheiro e estádios confortáveis, o futebol brasileiro precisar reencontrar seus ídolos. Como é Edmundo, simultaneamente, homenageado e homenageador na linda festa protagonizada pela torcida do Vasco.

E olha que o conceito de ídolo, após a noite de revisão de certas ideias pela qual passei, me permito tratar de forma um pouquinho menos rigorosa: se não puder ser exemplo de conduta fora de campo, que seja impecável enquanto estiver nas quatro linhas.

Porque, no fim das contas, e aí não entro na questão de ser certo ou errado porque a paixão às vezes distorce a definição de certo ou errado, quem está nas arquibancadas não quer saber se o craque bebe, fuma ou com quantas mulheres sai. Os arquibaldos querem é ver gols, dribles e, sobretudo, disposição durante os 90 minutos.

E por aqueles abençoados por Deus que conseguem aliar a técnica à raça são capazes de tudo: perdoar, gritar, chorar, se molhar, emocionar.

Mas, falando em emoção, o jogo animal de despedida do "Animal" acaba por despertar uma indagação cuja resposta pode levar a um bom grau de preocupação: nos próximos anos, quais jogadores brasileiros serão identificados com um clube do país a ponto de provocarem mobilização e comoção semelhante em um jogo de despedida?

Creio, o guri citado no primeiro parágrafo será um deles. Mesmo que um dia venha a passar pelo estágio, talvez inevitável, na Europa.

Tenho certeza, Túlio "Maravilha" e Rogério Ceni são dois deles. Embora seja nítida com o primeiro a má vontade por parte de alguns experts com o projeto dos mil gols. Há coisas na vida, meus caros, que não precisam de conta exata nem de prova real ou dos nove para se tornarem dignas de aplauso.

E mais quem?

No Flu, Thiago Silva, que tão cedo se foi, do mesmo jeito que tantos outros?

No Fla, Ronaldinho Gaúcho, que merece mais ser despedido do que uma despedida?

No Corinthians dos volantes, os eficientes sem brilho Ralf e Paulinho?

No São Paulo, o Fabuloso que, graças as lesões, vive um retorno penoso?

No Palmeiras, que foi de Marcos, surgirá logo um companheiro unânime para o pirata Barcos?

E no Inter, no Galo, na Raposa, no Bahia ou no ABC?

Nossos bons ídolos, onde estão?

A resposta de vocês quero saber.

Abraço!