Sobre LAOR (parte 3/3 – questões pontuais)

O pitaco sobre o presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, acabou virando uma verdadeira série.

Na primeira parte (clique aqui), vimos o histórico pessoal seu e de sua família. Na segunda parte, vimos a gestão de modo geral (clique aqui). Hoje, veremos questões pontuais da administração LAOR.

Comitê gestor

A governança semi-coletiva é sem dúvida a grande novidade apresentada por Luis Álvaro. Só vemos o presidente dando entrevistas, justificativas, etc. Parece um sistema presidencialista centralizado. Mas não é.

O grupo é formado pelo presidente Luis Álvaro, já qualificado, pelo vice Odílio Rodrigues Filho, médico com passagem na Secretaria da Saúde de Santos.

Além deles, são componentes do grupo: Álvaro Simões, presidente da construtora Inpar; José Berenguer, vice-presidente executivo do Banco Santander; Eduardo Vassimon membro do conselho do Banco Itaú; Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos; Antonio Fadiga, publicitário presidente da agência Fischer; e Luis Lucas, advogado.

É muita gente de peso reunida, e os resultados em termos de gestão têm sido fantásticos. A última mudança, vinculada à alteração estatutária, substitui diretores por executivos remunerados, profissionalizando a gestão.

TEISA

Terceira Estrela Investimentos S.A. é um projeto que prevê o investimento em jogadores para o Santos. É similar à Cesta de Jogadores criada por Belluzzo no Palmeiras, mas muito aprimorada.

Quando precisa de dinheiro, por exemplo, o Santos vende parte dos direitos econômicos de um de seus jogadores à empresa. Foi assim com o volante Henrique, que teve 20% de seus direitos econômicos adquiridos pela TEISA por 1 milhão de euros.

Luis Alvaro bem define a parceria Santos-TEISA:
“A parceria do Santos com a TEISA, que é composta por santistas comprometidos com um projeto de longo prazo para o clube, tem sido fundamental para garantir recursos financeiros adequados à retenção dos nossos talentos”

Robinho

Robinho foi o primeira bomba da gestão LAOR. Chegou após delicada negociação com o Manchester City, por empréstimo de 6 meses.

O mecanismo, jamais explicado detalhadamente pela diretoria, seria baseado na compra de cotas por patrocinadores. Dessas cotas sairia o dinheiro para pagar o salário enorme do jogador.

Na estreia, Robinho entra no 2ºT e marca em clássico contra o São Paulo. Na sequência, título Paulista e Copa do Brasil. Robinho liderou a nova moçada do Santos e contribuiu demais para o semestre vitorioso.

Dorival Jr. x Neymar

O caso Dorival Jr. foi talvez o ápice da polêmica na gestão LAOR.

Para quem não se lembra, ocorreu em jogo do Brasileirão-10, na Vila Belmiro, contra o Atlético-GO. Ao sofrer pênalti, recebe de Dorival ordem para deixar a cobrança para Marcel. Mas não se conforma.

Pênalti convertido, Neymar se descontrola, e começa a fazer firulas exageradas. Pouco depois, começa a xingar Dorival. Neymar estava desequilibrado.
“Poucas vezes vi alguém tão mal educado desportivamente como esse rapaz Neymar. Eu trabalhei muito com jovens, minha vida toda acompanhando, e acho que tá na hora de alguém educar esse rapaz ou nós vamos criar um monstro.”

Nos dias seguintes, Neymar pede desculpa, visando minimizar a suspensão imposta pelo clube. Após 1 jogo fora, todos pensam que Neymar deveria enfrentar o Corinthians. Menos Dorival.

O técnico bate o pé e insiste na manutenção da suspensão do jovem. A diretoria, contrariada, demite Dorival.

Um erro gravíssimo à época, e certamente a questão mais polêmica enfrentada por LAOR.

Aliás, segundo o volante Roberto Brum, o buraco do caso foi mais embaixo. Ou em cima. Disse o jogador à época:

"Ameaçaram todo mundo de não ganhar salário se o Neymar não jogasse contra o Corinthians. Só que nem o presidente (Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro) e nem o diretor de futebol (Pedro Luiz Nunes Conceição) queriam a demissão dele. Mas a ordem veio lá de cima, de São Paulo. Ordem acima do presidente. Está tudo errado"

"Eu sofri ameaça de demissão e fui multado em 10% do meu salário por defender o Dorival Júnior. O Dorival precisava ganhar o comando do grupo, e isso só ia acontecer com a punição ao Neymar. O Dorival precisava ser respeitado. Ele é uma autoridade e o Neymar tinha que entender isso. O garoto se arrependeu, todos nós do elenco sentimos isso. Mas o Dorival só ia ganhar o grupo de volta com essa atitude. Sei como é jogador”

Ainda segundo Brum, a ‘ordem de cima’ teria vindo do comitê gestor, objeto de explicação no primeiro tópico do pitaco.

Neymar

Se por um lado Neymar se envolveu no episódio mais polêmico do Santos na era LAOR, por outro, sua permanência mudou por completo a concepção de venda de jogadores no Brasil.

Ao recusar proposta do Chelsea, Santos e Neymar montaram um plano de carreira que fez do jogador ídolo nacional, e do Santos o time em maior evidência.

Com o passar do tempo, o salário de Neymar aumentou consideravelmente, e ele possui agora a totalidade do que arrecada com publicidade.

Segundo discurso oficial, o Santos deseja manter Neymar até o fim do contrato, em julho de 2014. Se esperar até lá, poderá perder o jogador sem ganhar nada, além de ter pago valor significativo em salários.

Só de transferência, cogita-se prejuízo de 60 milhões de euros.

Se valerá a pena, nunca saberemos, pois nunca será apurado o que o Santos ganhou com sua permanência.

Acho que o ‘fico’ de Neymar foi um golaço do Santos.

Ganso

Por fim, não podemos esquecer o causo Paulo Henrique Ganso.

O meia, que surgiu junto com Neymar, tem causado insistente dor de cabeça ao presidente LAOR. São muitas as polêmicas na história.

Primeiro, Ganso rejeita o plano de carreira similar ao proposto a Neymar. Depois, diz-se que o Santos abandonou o meia após grave lesão sofrida no joelho. A partir daí, a relação nunca foi boa.

Veio então o forte boato de que Ganso iria se transferir ao Corinthians, o que acabou não acontecendo. Depois, briga, desentendimento e muita polêmica na venda de 10% dos direitos econômicos.

O caso Ganso ainda aguarda novos capítulos.

Conclusão

Considerando tudo o que vimos no pitaco composto, fica claro que a gestão LAOR possui muito mais acertos do que erros. Os números são fantásticos, incluindo 4 títulos em 2 anos.