Contra tudo e contra nós mesmos.



A premissa é básica em qualquer manual de tirania. Divida a plebe e ela jamais se rebelará contra o poder maior. É líquido e certo e você, macaco velho, sabe disso. Basta lembrar daquele colega de trabalho "traíra", que entregou sua sagrada saidinha de cinco minutos para tomar um cafézinho, em troca de fazer média com a chefia.

E no futebol brasileiro a perversa política da "faca nas costas" não foge à regra. Apenas interessados em preservar seus próprios interesses, os clubes do país preferem definhar na falta de organização e na subserviência a unir forças em prol de melhorias.

Atolado até o pescoço na lama, o mundo da bola escancara, a cada dia, toda a sua sujeira e falta de ética e, infelizmente, nos contamina, massa de manobra que, cega por uma potente lavagem cerebral imposta por dirigentes, mídia e pela estupidez reinante em nossa sociedade, transforma um esporte em, literalmente, campo de batalha, onde impera a violência, seja física ou verbal.
Desculpem o termo, mas somos uns merdas. Conseguimos ficar aqui discutindo futebol da pior maneira, enquanto os caras que efetivamente ganham o pão nos gramados, prosseguem suas vidas na maior curtição.

Desculpem outro termo, mas somos uns boçais. Conseguimos ficar por aí, em estádios, ruas e pontos de ônibus, nos matando, trazendo dor a famílias alheias, simplesmente porque vestimos cores diferentes.

Somos mesmo uns babacas. Fazemos de um passatempo o motivo de nossa existência.

Somos burros, incapazes de enxergar mais de um palmo à frente. Somos enganáveis. Somos manipuláveis. Somos imbecis.

E ainda temos a arrogância de achar que nadamos contra maré.

Que estamos "contra tudo e contra todos", quando, na verdade estamos no mesmo barco.

Na canoa furada daquele que não consegue transitar tranquilamente em uma via expressa, pois corre o risco de ter seu veículo queimado.

Na nau desenganada de quem estudou horrores para fazer um exame e não sabe se ele terá valor ou não.

Na bote desgovernado de quem acorda cedo para procurar o sonhado emprego que nunca chega.

Ora, se tivéssemos na política, na economia, ou no simples exercício de nossas profissões, o engajamento que demonstramos ao debater futebol, acho que textos idiotas como esse jamais seriam escritos.

A gente somos é um bando de inútil!

Abraço!