Sobre o Athletic Club de Bilbao


São vários os clubes que têm peculiaridades que os tornam diferentes dos demais. Mas não há nada igual ao Athletic Club, conhecido por nós como Athletic Bilbao. O clube foi fundado por ingleses que migraram para Bilbao e burgueses da região, em 1898.

Mas foi em 1911 que o clube editou o estatuto que mudou sua história: a partir daquele momento, apenas jogadores bascos poderiam atuar pelo time. Primeiro, apenas jogadores da província de Biscaia. Em um segundo momento, também foram aceitos jogadores das províncias vizinhas. Em seguida, abriu-se a possibilidade de serem aceitos até jogadores, desde que com origem basca.

O estrangeiro mais famoso a passar pelo Athletic foi Bixente Lizarazu, em 1996, oriundo da parte basca da França. Mas teve também o chileno Higinio Ortúzar (1939-1943), o filipino Ignacio Larrauri (1941-42), o venezuelano Fernando Amorebieta (desde 2005) e o mexicano Javier Iturriaga (2006-07).

Já teve até brasileiro, Vicente Biurrun, entre as temporadas de 1986 e 1990. O primeiro negro, por sua vez, veio apenas em 2009 : Jonás Ramalho, filho de angolano com uma basca.

O nome do clube sofreu alteração durante a ditadura Franquista. Era proibida qualquer nomenclatura de linguagem estrangeira. O “Athletic Club” virou "Club Atlético de Bilbao", retomando a nomenclatura inglesa após a queda do regime.

Outra questão polêmica é o patrocínio do clube, que foi um dos últimos a resistir em estampar marcas em sua camisa. Durante a participação na Copa da Uefa 2004-05, os uniformes chegaram a carregar a marca do Governo Basco, com a mensagem "Euskadi", que significa "Pátria Basca". A estampa na época foi bem aceita, por ser em prol da região, um apelo ao turismo no local.

Em julho de 2008, porém, passou a estampar o logo da petrolífera Petronor em seus uniformes, o que rendeu muita polêmica, mesmo a empresa sendo da região basca.

No começo dos anos 2000, o Athletic Club tinha um time bacana, bem arrumado. Tinha Del Horno, Julen Guerrero, Yeste, Ezquerro, Etxeberria e Ismael Urzaiz, todos jogadores da seleção espanhola.

O fim da década de 2000, porém, foram de vacas muito magras, times ruins e papel coadjuvante no cenário espanhol. Os jogadores acima referidos se transferiram ou se aposentaram, e a safra basca era muito ruim.

No fim da temporada 2010/2011, o clube resolveu apostar em ‘el Loco’ Bielsa, treinador argentino de vasto currículo, principalmente seleções (argentina e chilena).

A aposta era ousada, mas Bielsa vinha prometendo implantar sua filosofia clássica de ofensividade. Deu muito certo.

No campeonato espanhol, um 12º lugar bem meia-boca. Mas na Copa do Rey e Copa da UEFA a história foi outra. O clube chegou às finais de ambas.

Perdeu as duas. A Copa do Rey para o Barça, na despedida de Guardiola.

Na final da Copa da UEFA, novo fracasso, desta vez para o Atlético Madrid.

Mas foi o Athletic Bilbao quem proporcionou o jogo mais emocionante da competição. Após ganhar do United em casa (2x1), foi a Old Trafford para tentar segurar um empate heroico.

Não precisou. Meteu um fantástico 2x3 em Manchester, resgatando o orgulho da torcida e do clube. Foi extraordinário, um dos ápices da temporada.

O Athletic Club de Bilbao está de volta, com suas restrições e idealismo.

Esse clube é muito diferente de tudo.