A união faz a força. E só ela.

paz no futebolUm acidente aéreo não costuma ocorrer por conta de um fator isolado. Normalmente, são várias as causas que contribuem para aquele desastre. Cinco, seis, às vezes até mais. Mas não apenas na aviação torna-se perigoso atribuir responsabilidades a um único agente.

Se seu filho vai mal na escola, por exemplo, não é de bom tom que você culpe de cara só a professora. O problema pode ser seu filho, pode ser a educação que lhe é transmitida, pode ser resultado do somatório dos três. Se, por que não consegue ou não quer, o amigo deixa de enxergar alguma das eventuais causas parciais, será dificil de chegar à solução geral para o seu aborrecimento.

No prefácio do livro "Elite da Tropa", os autores afirmam que "é preciso olhar nos olhos a verdade e reconhecê-la. Nua e crua. Mesmo que ela seja dolorosa e disforme. Mesmo que a encontremos apenas pelas mediações da ficção".

A verdade é que a questão do esperado fim da violência entre os vândalos travestidos de torcedores não encontra suas respostas restritas aos governantes e policiais.

Anteontem, o blog publicou parte de um estudo que mostra que parcela muito pequena das receitas dos clubes brasileiros vem das bilheterias dos jogos. É fato, a insegurança provocada pela ação dos arruaceiros colabora para o baixos números. Sem contar o prejuízo intangível que as arruaças trazem à marca das agremiações, o que pode prejudicar quando da negociação por um novo patrocínio, por exemplo.

Assim, ao se omitirem de tomar atitudes punitivas, a melhor delas proibir que os brigões frequentem os estádios para sempre, além de não cumprirem seu papel social, os clubes acabam por perder o dinheiro que tanto lhes falta.

No entanto, não para na inoperância na ajuda a repressão a participação dos co-irmãos da bola nos episódios de guerra. Não se pode esquecer das constantes declarações provocativas advindas da cartolada e de ações de marketing(?) veiculadas em sites oficiais com o propósito de tirar sarro do adversário. Combustíveis poderosos para as explosões de raiva dos brucutus, já que, anda deveras tênue na cabeça do homem dito moderno, mas no fundo semelhante ao das cavernas, a linha entre a brincadeira sadia e a ofensa.

Fronteira por vezes cruzada pela forma sensacionalista que são veiculadas determinadas informações por alguns membros da imprensa. Sim, a imprensa esportiva, componente que é do mundo do futebol, tem lá sua parcelinha de "culpa" nas desgraças. Porque se vende mais jornal, com certeza, a notícia transmitida de maneira "apimentada" também age feito pólvora nas mentes doentias de quem enxerga a diversão como arena de gladiadores.

Filhos e pais em sociedade que, embora me falte conhecimento sociológico ou antropológico para uma análise aprofundada, vive, apesar dos intensos avanços tecnológicos, em uma espécie de idade das trevas do século 21.

Deserto de ideias que norteia a cabeça de quantidade considerável dos atletas. Que por falta de consciência ou puro desleixo ignoram a imagem de espelho que exercem. Depois de domingo, não vi sequer um jogador da elite se pronunciar a respeito dos eventos de maneira contundente.

A Inglaterra é o melhor exemplo do que se fazer para erradicar a selvageria dentro e fora dos estádios.

E a prosperidade atual teve início no final dos anos 80, com o chamado "relatório Taylor, que definiu as diretrizes a serem seguidas para a reconstrução após uma série de tragédias.

Nele, o pilar, o respeitado juiz Peter Taylor, prognosticou que a situação mudaria somente com a reestruturação dos processos de organização, de qualidade da infraestrutura, de segurança, bem como a adequação da legislação de modo a inibir os baderneiros, atribuindo responsabilidades de fiscalização aos clubes e às autoridades, simultaneamente.

Os dividendos do esforço conjunto, creio, dispensam comentários. Muitos de nós nos bem acostumamos a ver na televisão a cada final de semana.

Diria Mr. Taylor, "unity is strength".

A união faz a força. E só ela.

Quando o futebol brasileiro entenderá?

Sinceramente, I don't know...

Abraço!