O Inter, por exemplo, tem quatro argentinos no elenco: Guiñazu, Bolatti, Dátolo e D’Alessandro. Quando todos estiverem à disposição, um terá que ficar fora, até do banco.
Mas qual o motivo de tamanha devoção?
Dizem que a raça e o comprometimento dos jogadores fazem a diferença, que a formação sulamericana, regada a catimba, ajuda os jogadores a encarar competições como Libertadores. Eu acredito por um lado.
Vemos Conca, por exemplo.
No Brasileiro-10, o cara jogou 38 dos 38 jogos do Fluminense. Não teve lesãozinha que o tirasse de jogo nenhum. Não teve frescura, contratura, fisgada, nem cartão! E não se tratou de coadjuvante: era protagonista, principal jogador e capitão.
Mas temos o outro lado, o lado Montillo.
O Cruzeiro foi resgatar o argentino no Universidad do Chile, deu um salário mil vezes maior do que o cara ganhava. Montillo dizia ter amor eterno, até que chegou uma proposta do Corinthians. Logo, o comprometimento foi deixado de lado e só o $$ importava. Mas tudo bem, ninguém é santo.
O jogador já fez as pazes, recebeu um aumento, e será feliz para sempre na Raposa.
Só não me falem mais da fidelidade dos latinos. Ser humano tem preço. Talvez os sulamericanos só cobrem mais caro.
De qualquer modo, a gringada abrasileirada daria uma boa seleção:
Titular: Viáfara (COL – Vitória);
Fucile (URU – Santos), Vitorino (URU – Cruzeiro), Román (PAR – Palmeiras) e Piris (PAR – São Paulo);
Guiñazu (ARG – Inter), Montillo (ARG – Cruzeiro), Valdívia (CHI – Palmeiras), e D’Alessandro (ARG – Inter);
Barcos (ARG – Palmeiras) e Loco Abreu (URU – Botafogo)
Banco: Valencia (EQU – Fluminense), Gutierrez (BOL – Bahia), Botinelli (ARG – Flamengo), Leandro Chaparro (ARG – Vasco), Facundo Bertoglio (ARG – Grêmio), Wilson Pittoni (PAR – Figueirense), Cachito Ramirez (PER – Corinthians), Escudero (ARG – Atlético-MG), Guerrón (EQU – Atlético-PR), Niell (ARG – Figueirense), Nieto (ARG – Atlético-PR) Miralles (ARG – Grêmio), Carlos Tenório (EQU – Vasco), Herrera (ARG – Botafogo)
Belo time!
Até o América-MG já sucumbiu, com um tal de Sebastián Sciorilli, argentino ex-River Plate.
Dos times da Série-A-12, só 5 clubes não possuem sulamericanos no elenco: Atlético-GO, Coritiba (tem um angolano), Náutico, Ponte Preta e Sport.
Como vemos, nos rendemos com razão à gringada e, com o futebol brasileiro valorizado ($$) a tendência é aumentar o número de jogadores importados.
OBS 1: Viáfara está no América de Cali-COL, mas, diante da ausência de outros goleiros, vamos escalá-lo como se ainda estivesse no Vitória, clube que defendeu por muito tempo.
OBS 2: Deco e Marcelo Moreno, estrangeiros com sangue brasileiro, estão excluídos da seleção, por não gozarem das características apontadas acima.
Texto de Luciano Faneca para a Coluna SobreFutebol!