O dilema em marcar, cercar e ocupar espaço

No cenário mundial do futebol a força física vem impressionando a todos. A importância de times bem montados taticamente decide jogos. O futebol nos dias de hoje exige que os jogadores joguem pela equipe, não para si. Deve se ressaltar que para jogar o bom futebol é preciso ter as características na sua essência, ou seja, a técnica deve prevalecer aliada com uma boa formação.

Este último mundial de clubes entre Barcelona e Santos foi de encher os olhos. Chamou atenção pela humildade do craque Messi, marcava e flutuava em campo. Por outro lado Paulo Henrique Ganso se abstinha a jogar com a bola no pé – com a redonda nos pés é genial.

Não restam duvidas que o futebol evoluiu, e como toda evolução somos obrigados a nos adequar a ela. No entanto parece que alguns jogadores pararam no tempo, jogam apenas com a bola nos pés. Marcar? Para que? Sou de outro nível, não preciso, há quem faça este serviço “sujo”.

Esta introdução serviu para lhes mostrar que toda evolução tem seus lados bons e ruins, devemos filtrar o melhor e aplicar.

“Todos atacam e todos defendem” este é o discurso dos treinadores. Se até Messi marca porque nossos craques não podem? A resposta é simples, categorias de base. Não adianta formar um jogador com mentalidade ofensiva que nunca marcou ou cercou durante anos, e querer que ele se torne um exímio marcador ao subir para os profissionais.

Existem três palavrinhas mágicas no futebol de hoje. Marcar, cercar e ocupar espaço. Vou especificá-las uma a uma.

Marcar: Tarefa que se restringe aos defensores – conceito antiquado. Trata-se de encurtar a distancia em relação do adversário e no momento certo dar o bote. Pode-se marcar homem a homem ou por zona.

Cercar: Normalmente é o que se espera dos jogadores com menor capacidade de marcação. Não se aproxima do adversário, se mantém uma distancia. Diminui o raio de jogadas do oponente. O jogador que cerca geralmente não tem boa capacidade de desarme e quando tenta comete a falta.

Ocupar espaços: Seria a instrução a meias e atacantes. Não precisa marcar nem cercar, mas que apenas volte para não deixar buracos no campo – outro conceito antiquado.

Eram três? Pois então, ainda há o bola no pé.

Bola no pé: Não marca, cerca ou ocupa espaço. Joga apenas com a bola no pé, sua movimentação se restringe quando esta com a esférica. Seu raio de ação é curto. Esta é uma função, posição em extinção. Na há lugares em campo para este tipo de jogador. A compensação por sua presença no campo é dada por um “perna de pau”.

Estes três conceitos são estipulados por setores em campo. Defensores marcam, volantes auxiliam na marcação. Meias e atacantes no máximo cercam, o que se espera é ocupação de espaços.

Devemos aprender que um time deve jogar em conjunto, todos com capacidade de marcar e atacar. Estipular jogadores com função especifica esta se tornando arcaico, obsoleto e retrógrado. É claro que deve se respeitar que zagueiros e volantes marcam, mas não significa que devem ser quebradores de bola e cabeças de bagre.

Neste inicio de temporada vejo treinadores tentando aplicar esta idéia, mas sem jogadores que saibam filtrá-las e as por em pratica se torna impossível, uma utopia.

Escalar um marcador para que um gênio que apenas jogue. Ou que craque não marca, pois assim ele cansa e fica sem pernas para armar, está e deve ficar na historia do futebol.