Ronaldinho Gaúcho é um produto "ruim".

No início dos anos 90, a Lada entrou no mercado automobilístico brasileiro apostando forte na elaboração da propaganda de seus carros. Não adiantou nada. Os veículos eram esquisitos e ainda sofreram com erros na adaptação para as condições climáticas do Brasil. Resultado? Em 6 anos, os russos se mandaram do país.

Serve de exemplo também a Parmalat. Em 1997, a empresa assistiu a um boom em suas vendas, tudo por conta de uma campanha publicitária que utilizava crianças vestidas de simpáticos bichinhos. No entanto, tempos depois, em 2003, nem o rei leão foi capaz de salvar os italianos do caos. Envolvida em um escândalo financeiro, a marca viu seus consumidores fugirem dela tal qual o diabo da Cruz.

Percebe? Não há propaganda bem feita que compense as falhas na elaboração de um produto ou a falta de credibilidade de seu protagonista. Isso porque, ao contrário do apregoado no cenário atual do nosso futebol, o marketing não se resume à promoção. Aliás, afirmam os especialistas, a promoção é a última parte de uma estratégia de marketing com que deve se preocupar seu elaborador.

Ontem, o Flamengo anunciou o rompimento da parceria com a Traffic, a ex-responsável pelo pagamento de uma parcela considerável do pagamento do astro Ronaldinho Gaúcho. Diga-se de passagem, a responsável pelos atrasos no salário do atleta.

De qualquer forma, está encrencado o Rubro-Negro. Porque, nas palavras da presidente Patrícia Amorim, o clube precisará aumentar suas receitas se quiser honrar em dia seu compromisso com a estrela. Objetivo, segundo a própria mandatária, a ser alcançado através da exploração da imagem do Gaúcho. Tarefa que, após uma análise fria, parece das mais árduas.

Primeiro, porque Ronaldinho é, da mesma forma que os carros da Lada, um produto "ruim". Além de, por questão de personalidade, não ser midiático feito o xará "Fenômeno", o ex-melhor do mundo não contribui nem ao menos naquilo que ganha para fazer. Com suas últimas atuações abaixo da média, apenas lampejos de gênio em todo período de Gávea, afora os problemas extra-campo, não há campanha publicitária que seja capaz de torná-lo um verdadeiro ídolo da nação, amado e também rentável aos cofres da instituição.

Basta lembrar das célebres palavras de Abraham Lincoln, que dizem "ser possível enganar a todos por algum tempo, alguns por todo o tempo, mas impossível a todos por todo o tempo". Em especial os empresários, que, desprovidos da paixão do torcedor, hesitam em associar suas marcas a quem não transparece credibilidade.

O fato é que não apenas o Flamengo, mas grande parte dos clubes brasileiros raciocina de trás para frente. Pensam em explorar imagens, antes de construí-las ou lapidá-las. E em imagem arranhada, amigo, não é departamento de marketing que dá jeito. Sim, o próprio dono. E só ele.

Abraço!

P.s: a mesma coisa vale para Adriano...

Texto do colunista Roberto Júnior.