Nos botecos de sempre.

Que tricolor não vibrou com o título de 2005?

Eu adoro quando o Fluminense joga aos sábados. Porque, aos sábados, estou na minha cidade natal. E, assim, posso assistir à peleja no boteco de sempre.

O boteco de sempre é o lugar em que a galera se reúne. Toma a gelada, joga conversa fora, seca o adversário, claro, torce para o time do coração.

No boteco de sempre, o bicho pega. É vascaíno que sacaneia tricolor. Que sacaneia flamenguista. Que sacaneia botafoguense. Não necessariamente nessa ordem, depende da ocasião.

E você que também se reúne em um boteco de sempre sabe: a zoação lá é coisa séria. Dói. Enche a paciência. Pior, se estica pra semana inteira. Às vezes, pro mês inteiro. Se bobear, pro ano inteiro.

Mas, os melhores dias no boteco de sempre são os das finais. Neles, a galera chega cedo. Rola aquela vaquinha, sai aquele churrasquinho, enquanto a bola não começa rolar.

E é vascaíno que sacaneia tricolor. Que sacaneia flamenguista. Que sacaneia botafoguense. Porque todo mundo resolve aparecer nessa ocasião.

No apito final, no entanto, a gente esquece do rival. Pula, vibra, grita, dança. E pode ser título de Libertadores ou Brasileiro. De Mundial ou Estadual. Não importa o nome, fazemos aquele carnaval.

Leio por aí que alguns times começarão a temporada poupando seus titulares. Entre eles  meu Fluzão. Fato que me causa certa preocupação. Porque lá no boteco de sempre a gente não quer nem saber o nome da competição. Quer é gritar "é campeão"!

Sim, os Estaduais precisam ser revistos. Encurtados. Adaptados ao calendário. Para mim, porém, não podem ser desprezados.

No dito futebol moderno, o dos negócios e cifras,onde vagas e vices valem mais que taças, há ainda de se respeitar as arquibancadas. Pelo menos parte delas, a que se mantém romântica, e não bitolou com a sonhada competição sul-americana.

Marketing, visibilidade, mercado, marca. Termos que podem fazer parte do esporte. Que, todavia, não podem se tornar o esporte.

Porque sobre a essência do esporte que eu amo não aprendo no MBA que faço. Sim ,nos botecos de sempre por onde passo.


Abraço!