Só falta a bola ser quadrada...
Papeado por
no dia 9 de janeiro de 2012
Sem condições...
Nas divisões de base de qualquer esporte, o importante não deveria ser competir. Nem vencer. Sim, formar, desenvolver.
Formar
cidadãos conscientes e responsáveis. Depois, desenvolver naquela minoria
que seguirá em frente os fundamentos técnicos e táticos de uma
determinada modalidade.
Dos
aspectos afetivos relativos à pobreza do trabalho que é realizado no
futebol brasileiro junto as meninos nós já falamos bastante nesse
espaço. Em textos feito o intitulado "Onde estará nosso Gabriel Gutierrez?",
cobramos a realização no Brasil de programas semelhantes ao coordenado
pelo psicólogo Gabriel Gutierrez, braço direito de Oscar Tabárez,
treinador do Uruguai, para quem a construção do caráter do indivíduo
está acima dos interesses puramente esportivos ou financeiros.
Tive a
oportunidade de assistir aos dois jogos que o Fluminense realizou na
Copa São Paulo de juniores até aqui. E deles aproveito o link para, pela
primeira vez, abordar a questão da lapidação do talento natural do
boleiro nacional em sua outra vertente, aquela ligada ao jogo
propriamente dito. Melhor, aproveito o link para abordar a falta de
cuidado quanto à questão da lapidação do boleiro nacional em sua outra
vertente, a ligada ao jogo propriamente dito.
Para
começar, é impossível imaginar que poderia render algo pelo menos
próximo do satisfatório um menino de seus 16 anos, após uma viagem de
mais de 43 horas para cruzar o Brasil. E o confronto contra o
Ji-Paraná-RO, que já seria desigual em situações normais dada a
diferença na estrutura dos clubes, tornou-se uma tremenda de uma
covardia. E se exigir investimentos igualitários no esporte em todo o
país não passa de utopia, à organizadora do evento - ou então a própria
CBF, nadando em dinheiro -, que insiste em inchar a competição, não
custaria proporcionar os meios para que esses rapazes pudessem chegar ao
sudeste com no mínimo de suas condições físicas antes da estreia.
No
entanto, a discussão sobre o número de participantes da Copinha e sua
eventual qualidade - ou falta de - é por demais ampla. Fica para depois.
Hoje, gostaria de me deter em um dos pontos essenciais para o bom
desenvolvimento de um time de futebol, mas que no Brasil, inclusive no
torneio dos guris, é solenemente ignorado: o estado dos gramados.
Uma das
principais lições aprendidas com a melhor equipe da atualidade, o
multicampeão Barcelona, é que um trabalho de padronização de um estilo
de atuar envolvente ainda nas categorias de base pode render bons
frutos. Mas, convenhamos, sugerir ou supor a implementação do admirado
estilo "toca aqui, recebe ali" do Barça por essas bandas é tremenda
perda de tempo. Pois como tocar aqui, receber ali, em campos mais
parecidos com pastos e pântanos?
Faz uns
três, quatro dias assisti a uma reportagem sobre a vida do menino Lucas
Piazzon ex-São Paulo, hoje no Chelsea - em Londres. Não bastasse a bela
vista que desfruta de seu apartamento na capital inglesa, Lucas conta
com a ótima estrutura do clube e pode exercer sua profissão em gramados
mais parecidos com tapetes.
Vez por
outra, criticamos a opção dos atletas que partem para o estrangeiro
muito novos, antes da maioridade, em algumas ocasiões. Porém, ao término
do programa, fiquei a me perguntar o que eu faria se fosse um jogador
de potencial e tivesse proposta dos Blues. A conclusão? Sei não...eu
acho que iria é embora. Porque, entre outras vantagens da Europa, no
Brasil, daqui a pouco, a bola vai ser quadrada. É só o que falta...
Abraço!
Só falta a bola ser quadrada...
2012-01-09T15:35:00-02:00
Anônimo
Copa São Paulo|Roberto Júnior|