Foram muitos convidados, entre eles técnicos, jornalistas e dirigentes. Mas o número de pessoas envolvidas com o futebol ainda é muito reduzido, foi observado que faltou muita gente que deveria está ouvindo as palestras e os modelos de gestão do futebol no Brasil e no mundo.
É um evento que deveria acontecer em vários estados, e que a CBF deveria ter um interesse maior, a entidade deveria ajudar na formação de novos dirigentes, novos treinadores, novas filosofias de trabalho com o futebol e tudo que envolve o mundo da bola.
Entre os convidados estava o diretor das divisões de base da equipe do Barcelona.
O diretor de base do Barcelona veio mostrar como funciona o trabalho de base da equipe do Barcelona, mostrar a filosofia do trabalho do Barcelona.
O Barcelona quando o assunto é base, o clube tem uma grande vantagem sobre os demais clubes do mundo. O Barcelona não forma somente jogadores, eles formam atletas, homens que mesmo que não tenham sucesso no futebol saem preparados para enfrentar o mundo fora do futebol.
Na base do Barcelona o resultado é o que menos interessa.
No abre o jogo dos canais ESPN dia 10/12/12 sábado, antes do jogo (Real Madrid x Barcelona ) foi mostrado uma matéria com os jogadores da base do Barcelona. O time que na época tinha Messi, Fábregas e Piqué, passou cinco anos sem perder uma partida, e os placares em sua maioria era acima de dez gols de diferença, e hoje eles estão jogando juntos no time principal do Barcelona.
Sem falar de outros jogadores como Xavi, Iniesta, Busquets etc...
Voltando ao Fotecom o diretor de base do Barcelona veio ensinar o modelo de gestão do clube, veio mostrar como é tratado os jogadores da base, mostrar como funciona toda a estrutura do clube na sua base.
Na verdade ele veio ensinar o que nós fazíamos algum tempo atrás, o futebol brasileiro sempre jogou um futebol vistoso, com toque de bola, com posse de bola, com jogadas de deixar o torcedor encantado, e com jogadores de muita qualidade técnica.
O Brasil já teve times que eram uma verdadeira seleção.
Mas para o nosso futebol voltar a ser o que era antes, é preciso mudar muita coisa.
Principalmente o estilo de jogo na própria base dos clubes.
Nós não temos um estilo de jogo na base, o que nós temos são as intervenções de grupos de empresários, indicando jogadores.
O garoto quando têm entre 12 a 16 anos tem que jogar o futebol que sabe, e os treinadores tem que começar a estimular os fundamentos do futebol, sem atrapalhar a característica do garoto.
É muito duro para alguns clubes brasileiros ver uma palestra de um dirigente de outro país mostrando como se joga futebol, e como se forma atletas. Eles jogam o futebol que o Brasil jogava em décadas passadas.
Os clubes Internacionais estão sabendo formar novos atletas, eles não tem a quantidade de craques que surgem no futebol brasileiro todos os dias. Nós temos mais quantidade e mais qualidade, só que nós não estamos sabendo usar essa vantagem para formar grandes atletas.
Um exemplo é a introdução do futebol de salão nos treinamentos dos times que jogam no campo. Em alguns clubes os jogadores jogam no futebol de salão e depois passam para o gramado.
O que isso significa.
Significa uma evolução muito grande para o futuro do futebol jogado no gramado. O jogador que joga futebol de salão, ele tem a facilidade de jogar mais próximo dos seus companheiros, boa qualidade na hora de passar a bola, o passe é sempre de muita qualidade, trabalha bem a bola, joga bem compactado com a defesa o meio campo e o ataque, não usa como arma as bolas aéreas e sem aqueles chutões que nós estamos acostumados a ver principalmente no campeonato brasileiro.
Muitos jogadores brasileiros que fizeram história nos gramados vieram do futebol de salão.
Os clubes brasileiros tem que aprender muito com os clubes do futebol Internacional.
Infelizmente os clubes brasileiros em sua maioria não tem um planejamento correto na base. Os clubes tratam os jogadores como mercadorias, e não como atletas que podem gerar receitas para o clube, e gerar títulos e satisfação dos seus torcedores.
Para os clubes brasileiros terem sucesso na formação dos seus atletas faltam muitos detalhes.
Exemplos:
- organização;
- estrutura;
- eliminar a presença do empresário entre os garotos;
- visão estratégica na procura de novos craques;
- formar o atleta para enfrentar o mundo fora dos gramados;
- jogadores que não deram certo nas categorias de base e são descartados pelos clubes como se fossem uma simples mercadoria;
- não deixar os empresários fazer o papel de pai e de mãe dos garotos, essa função é do clube;
- ter muito cuidado com a transição dos atletas da categoria de base para o profissional, pois muitos entram em jogos complicados e muitas vezes não correspondem, os treinadores tem que saber o momento certo de colocar o garoto em campo;
- O clube tem que oferecer uma educação familiar, escolar e esportiva;
- Tem que ter uma conscientização no exercício de formação do garoto, construindo um homem e um atleta.
Quando isso acontece os resultados chegam, mas chegam com paciência, com trabalho e com tempo. O tempo talvez seja a principal barreira dos jogadores da base e dos clubes.
O torcedor quer que o jogador em sua primeira partida chegue e resolva o problema do clube.
Alguns torcedores não tem paciência com alguns jogadores que surgem da base.
Talvez seja esse o motivo que muitos garotos estão fazendo testes fora do país, sendo bancados por empresários, e muitas vezes jogando no futebol Internacional sem passar pelos clubes aqui no Brasil.
O exemplo mais recente são os dois filhos do ex-jogador Mazinho, que jogam no Barcelona e nunca jogaram no Brasil.
Quero deixar bem claro que o filho de Mazinho, Thiago Alcantara não teve oportunidade nas categorias de base no futebol brasileiro, e foi para o Barcelona e hoje faz parte do time principal do Barcelona.
Será que o problema é do jogador ou do modelo de gestão nas categorias de base dos clubes ?
É muito importante para os clubes formar os seus próprios atletas.
Todos ganham.
O jogador cria uma identificação com o clube.
A torcida começa a conhecer o atleta.
Outros atletas começam a ter interesse de participar da base do clube que tem o melhor trabalho.
O retorno financeiro é muito grande, o clube deixa de contratar jogadores de grife e pagar verdadeiras fortunas para contratar e pagar os seus salários.
E quando negociam esses atletas os direitos econômicos é do clube gerando receita para o clube.
A maioria dos jogadores do Barcelona foram formados na base do clube, e o clube ganha muito dinheiro com a venda dos jogadores que não são aproveitados no time principal, existem jogadores mundo a fora que foram formados no Barcelona.
Segue alguns dados de um estudo que foi feito para avaliar o elenco do Barcelona e de outros clubes.
O elenco do Barcelona é avaliado em R$ 1,3 bilhão de reais.
O Real Madrid que tem a política de contratar muitos jogadores de alto nível, e não tem um trabalho de base igual a equipe do Barcelona,o seu elenco é avaliado em R$ 1,1 bilhão de reais.
No Brasil os grandes clubes estão longe dessa realidade, quero lembrar que o Brasil é penta campeão mundial, e tem clubes e jogadores que fizeram história no futebol brasileiro e mundial.
O Santos têm um elenco avaliado em R$ 345 milhões de reais, isso por que tem jogadores como Neymar e Paulo Henrique Ganso.
O São Paulo tem um elenco avaliado em R$ 225 milhões de reais, e também já foi um modelo de gestão na sua base.
O Internacional tem um elenco avaliado em R$ 197 milhões de reais.
O Corinthians que já tem muito tempo que não revela um jogador da base, tem um elenco avaliado em R$ 172 milhões de reais.
O Vasco da Gama que já formou muitos jogadores, e já foi modelo quando o assunto era formar atletas, tem um elenco avaliado em R$ 160 milhões de reais.
O Flamengo tem um elenco avaliado em R$ 149 milhões de reais.
O Grêmio tem um elenco avaliado em R$ 140 milhões de reais.
Os valores dos times citados no estudo feito pela Pluriview, referem-se exclusivamente a somatória do valor de mercado dos jogadores de seus respectivos elencos.
Não estão incluídos os valores da marca do clube, ou qualquer outro tipo de ativo ou direitos a receber de qualquer natureza.
Está na hora dos clubes começarem a pensar melhor no modelo de gestão. Não adianta contratar grandes jogadores para impressionar a torcida, e esquecer da formação de atletas.
Esperamos que os nossos dirigentes tenham o bom censo de analisar que está tudo errado na formação dos atletas na base dos clubes. Os clubes não podem deixar os grupos de empresários fazer o papel que é obrigação dos clubes.
