Não dá para entender!

Em entrevista após as ofensas racistas sofridas por Evra, Sir Alex Fergungon disse que não consegue entender ocorridos como estes no futebol atual. Nem ele e nem ninguém. O lateral esquerdo não é um caso isolado, mesmo sendo em umas das maiores ligas do mundo.

Na rodada passada do campeonato italiano o zagueiro, da Roma, Juan foi alvo de insultos racistas por parte da torcida da Lazio. Se rebuscarmos na memória, lembraremos os casos de Eto'o com a torcida do Zaragoza, Asamoah e os alemães que não queriam um negro defendendo a seleção e Roberto Carlos, que chegou para levantar o futebol russo.

Percebe-se que só estamos falando de jogadores de alto nível, pois em países periféricos e sem visibilidade no esporte, como a Rússia (a liga russa cresce a cada ano, mas ainda não tem o respeito e qualidade que obtinha como União Soviética) e Grécia, o racismo é algo corriqueiro.


Sabemos que o racismo não é "privilégio" do futebol. Como já foi exposto diversas vezes, o esporte só reflete o mundo e a sociedade. Convivemos com os preconceitos desde sempre, antes entre tribos, cidades, religiões entre vários outros aspectos (que permanecem até hoje), porém a representatividade máxima do preconceito e sentimento de superioridade (ou seja, ignorância) se dá exatamente na questão racial. O racismo ainda não foi superado!


Há décadas se luta contra o racismo no futebol. Temos exemplos como o Vasco na década de 20, e dezenas de trabalhos em cima desse assunto:

- FILHO, Mário. O negro no futebol brasileiro;
- ESTEVES, José. Racismo e desporto;
- ROSENFELD, Anatol. Negro, macumba e futebol.

Nas últimas duas décadas, a entidade maior do futebol intensificou o número de ações contra o racismo, visando exterminar este mal do esporte. Campanhas e punições começaram a surgir, no entanto ainda é pouco para a solução do problema.

É claro que a existência do preconceito não é responsabilidade da Fifa, essa é uma questão social e de educação, mas cabe a ela, como regente do esporte, exigir as condições para a prática, afinal, o que no mundo movimenta tanta gente, põe classes diferentes lado a lado na arquibancada, no campo, além do futebol?

Questão a ser refletida:

Pensando sobre racismo no futebol e após uma aula da faculdade comecei a pensar: Porque jogadores brasileiros não relatam casos de racismo no próprio Brasil? São quase insignificantes o número de acusações nesta última década. Mas lá fora vemos grandes jogadores, jogadores desconhecidos, enfim, todo o tipo, levantando acusações. A resposta é simples. Apesar de ser bem claro que a sociedade constrói o preconceito e a etiqueta de olhar (os estigmas que criamos), ainda acredita-se e prega-se uma democracia racial no país. É um mito que acaba por influenciar nossos jogadores, que acabam levando na brincadeira ou aceitam como momento de tensão.

Texto enviado por Caio Cidrini a Coluna do Leitor.

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