O Barcelona do meu pai.


Parabéns ao Flamengo pelos 30 anos da conquista do Mundial...

"Filho, o ritual era sempre o mesmo.

Saía do trabalho e ia direto pro Maracanã.

Chegava umas duas horas antes do jogo começar, lia o jornal e esperava tranquilo, tranquilo.

Porque o resultado, no fundo, eu já sabia qual seria: uns três, quatro a zero pro Flamengo.

Dava gosto de ver aqueles caras.

Jogavam por música.

Tinha o Raul, baita goleiro.

O Mozer, baita zagueiro.

Além do Marinho.

Um dos laterais era o Leandro, um cracaço.

O outro, o Júnior. Do Júnior você lembra bem, né?

No meio, Andrade, Adílio e Tita.

Pra fechar com Zico, Nunes e Lico.

Bons tempos aqueles...

Por isso que hoje nem perco muito meu tempo assistindo."

Em 32 anos de vida, não faço ideia de quantas vezes ouvi essa história.

Que deve ser comum a todo e qualquer filho de flamenguista daquela geração.

Que deve ser comum a todo e qualquer filho de quem acompanhou o futebol brasileiro na época em que ele jogava feito futebol brasileiro.

A última foi semana passada.

A próxima talvez já seja na semana que vem.

Não importa.

Ouví-la é sempre um prazer.

Hoje, quando saio do trabalho não posso ir ao Maracanã.

No máximo, até o sofá da minha casa.

E o time que me traz a certeza de que verei um show de bola nem meu time é.

Pior, nem brasileiro é.

Que inveja do meu pai.

Ele teve um Barcelona pra torcer.

Será que um dia terei o meu?

Abraço!