Torcedor brasileiro não gosta de futebol, gosta de ganhar


O Brasil é o país do futebol?

A moda no final de semana esportiva foi criticar os Estaduais.

"Deficitários, chatos, inócuos, desnecessários". Foi enorme a lista de adjetivos.

Mas, antes de tudo, minha opinião sobre os réus.

Sim, eles precisam ser remodelados, mas não, eles não podem ser extintos.

E digo isso por um simples motivo. O maior problema não é a fórmula de disputa ou o nome de um torneio.

Vai por mim, isso pouco importa. O que estraga tudo é o próprio perfil do torcedor brasileiro.

E, para comprovar a tese, vamos à Europa rapidinho.

Mas, espera lá. Não vale pegar como exemplo um Real X Barça ou um Arsenal X Liverpool, que aí é covardia. Hoje, voltaremos a Wembley, ontem, onde o Stoke City enfiou 5 a 0 no Bolton e classificou-se para a final da FA Cup.

O time comandado por Tony Pullis é o segundo mais antigo do mundo, mas, durante toda sua trajetória, conquistou apenas 1 único título de expressão, a Copa da Liga, em 71-72.

Ora, pare pra pensar. Fosse no Brasil, um clube que nasceu em 1863 e passou a vida inteira com uma única taça conseguiria manter fãs assim tão fiéis?

É claro, ó cara, torcedor brasileiro não gosta de futebol, gosta de ganhar.

Ou, até melhor, torcedor brasileiro não gosta de futebol, gosta de sofrer.

Porque é 8 ou 80, ou o estádio lota quando o time está prestes a ser campeão ou quando o fantasma do rebaixamento bate à porta. E só.

Ok, tudo bem. Há as importantes questões relativas ao poder aquisitivo da população e às condições de segurança de nossas cidades, que associadas ao tal do comodismo, tornam a TV por assinatura - e quem as opera manipula bem isso - mais atrante que ir "in loco" a um jogo "sem importância".

Porém, não posso terminar esse texto sem tocar em alguns outros aspectos importantíssimos do problema.

O primeiro, a lavagem cerebral imposta ao público, que é "obrigado" a engolir o produto estrangeiro, em detrimento do nacional. Comunicação maciça, muitas vezes realizada por veículos que depois não hesitam em espinafrar o futebol nacional. Quem critica, a meu ver, tem que oferecer soluções, ou estou errado?

O outro, a elitização e a concentração do esporte mais popular de um país de cerca de 8.000.000 Km² em míseras duas regiões geográficas.

Porque, pelo menos ao que parece, o torcedor do Santa Cruz, do Náutico, do Bahia, do ABC e do Ceará não se importa nada com a realização dos Estaduais, vide os lindos shows que protagonizam nas arquibancadas.

Ou você acha que o futebol brasileiro deve mesmo se resumir a Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio?

Dinheiro, business, marketing, lucro, competição, internet, Twitter. Esse é o futebol de hoje.

Rua Bariri, Rua Javari, América, Bangu. Esse, o do passado, nós estamos fazendo tudo para enterrar.

Ah, e só mais uma perguntinha: O Bangu, por exemplo, não poderia ser um Stoke?

A camisa, pelo menos, é parecida...