Sobre o caso Montillo (parte 2/2 - efeito)

Caso Montillo no Corinthians
No dia 25 de janeiro, escrevi sobre a Novela Montillo, que na época tomava conta dos noticiários, com muitas especulações, disse-que-me-disse, contradições e joguete de empresário.

Quem gostava de Tereza Cristina na novela das 8hs (que na verdade é das 9h30), ficou surpreso com a atuação de Sergio Irigoitia, que não é sequer ator, é empresário.

O agente argentino foi protagonista da trama. Falou; botou pilha; pensou; tramou o enredo; articulou com os envolvidos; plantou informações e enfim, tocou uma verdadeira bagunça.



Mas não teve sucesso, pois o resultado não dependia somente de sua vontade. Do outro lado, tinha o mocinho (ou vilão!) da história, chamado Gilvan de Pinho Tavares, um advogado que não tem muitas papas na língua nem medo de cara feia.

Logo que assumiu a presidência, Dr. Gilvan definiu que Montillo não sairia por menos de 15 milhões de euros. Corinthians e São Paulo não levaram muito a sério, mas era verdade.

Ambos os times paulistas fizeram propostas rechonchudas, mas o mandatário cruzeirense rejeitou. O São Paulo logo desistiu. O Corinthians insistiu mais um pouco, sem sucesso.

O Cruzeiro estava sem dinheiro e os salários começaram a atrasar. Os jogadores reclamaram. Zezé Perrella e Dimas Fonseca faziam campanha pró-venda.

Nada comoveu Dr. Gilvan.

Como escrevi no passado, acho a divisão da verba da TV entre os clubes, da forma como foi feita em 2011, altamente prejudicial ao que o futebol brasileiro tem de melhor, que é seu equilíbrio.

Segundo minha teoria, lentamente os clubes de dividiriam em classes produtora e consumidora. Na Itália, por exemplo, é assim. Todos os times produzem e Inter, Milan e Juve compram.

Vide Maxi Lopes, ex-Grêmio: bastou se destacar um pouco no Catania para que fosse compor elenco no Milan, esquentando o banco de Ibra & Cia. Notem: o destaque do Catania foi ser reserva no Milan.

Por conta disso, 80% dos melhores jogadores da Itália estão no trio de ferro, o que deixa o campeonato enfraquecido, previsível e repetitivo.

Para o Cruzeiro, vender Montillo significaria colocar a casa em ordem, fechar as contas e entrar 2012 com fôlego.

Mas Dr. Gilvan pensou o certo: o Cruzeiro tem que caminhar sozinho e criar sua própria fonte de recurso.

Ao negar a proposta, Gilvan disse não à cadeia alimentar tão prejudicial.

Dr. Gilvan, desbocado e destemido, é um herói do futebol brasileiro.

Os cruzeirenses regozijam, orgulhosos.

PS: o blog não se responsabiliza por alteração drástica no fim da novela. Aguardei a eleição do Corinthians e a divulgação da lista da Libertadores, mas futebol dá voltas demais para darmos a novela por encerrada.