Inter de Milão com espinha dorsal rodada?

A espinha dorsal é um quebra-cabeça onde se pretende montar uma estrutura com atletas que nem sempre jogam com seu nome. É necessário que essa estrutura tenha liga e que funcione independentemente de ser Pelé, Maradona, Zico, Messi e outros.

Se uma espinha dorsal formar uma liga resistente e isso vai depender da percepção do treinador de conhecer cada um de seus comandados, essa estrutura terá um tempo maior de vida útil, assim como a do treinador dentro da equipe.

O inicio da espinha dorsal deve ter um goleiro com visão de jogo, um ou dois zagueiros que se entendam bem entre si juntamente com o goleiro. O centro da espinha deve ser sólido com volantes que protejam a zaga e saibam sair jogando, atenta a movimentação geral dos laterais. No centro ainda é necessário um homem de criação no meio de campo, que saiba distribuir as jogadas e dar suporte para os atacantes da equipe. O término da espinha dorsal deve ter um atacante que simplesmente faça gols.

Acredito que não existem problemas em ter jogadores experientes, até porque os níveis físicos decaem, mas a qualidade técnica se mantém. Qualidade técnica e bagagem os trunfo dos veteranos em relação aos jovens. Deve-se lembrar que equilíbrio entre experiência e juventude deve existir, ou uma equipe com todos os jogadores passando dos 30 seria competitiva no atual cenário do futebol? Ou, todos com menos de 30 sustentariam a pressão e exigência de direção, torcida e imprensa?

Cronistas e torcedores alegam que com saída de Oriali a equipe decaiu e junto à qualidade dos jogadores contratados. Marco Branca, atual diretor responsável pelas contratações, parece ter feito algumas contratações no mínimo estranhas, ou, simplesmente não se adaptaram a bela Milão.

A solução não é por jovens a prova. Este não é o momento para “queimar” jovens jogadores ou futuras promessas, colocando-os na fogueira para resolver as partidas. Não se pode pular etapas, ou, observá-las de maneira equivocada e apressar o processo.

Fisicamente falando, dribles e malícia à parte, o ápice de um jogador ocorre entre os 20 e os 30 anos. A partir daí, o organismo passa a dar alguns sinais de que é melhor começar a investir na carreira de técnico. “Existem vários gargalos de envelhecimento na vida. O primeiro realmente importante ocorre quando a pessoa completa 40 anos; mas a partir dos 30 esse processo já tem início”, afirma João Toniolo Neto, chefe da Geriatria da Universidade Federal de São Paulo.

Por volta dos 30 anos, a perda ainda é pequena, mas para um atleta profissional pode ser decisiva. Os primeiros efeitos aparecem nos lances e nos movimentos que dependem de explosão muscular, como a potência na hora do chute, a impulsão vertical e a velocidade de arranque. As chances de lesão também crescem, pois com menos massa muscular as articulações ficam mais vulneráveis.

Toda regra tem sua exceção, e vamos a ela. O que dizer, então, de alguns exemplos impressionantes tirados da história do futebol mundial? O atacante camaronês Roger Milla tinha 42 anos quando jogou a Copa de 94 sob o escaldante sol do verão americano. O ponta-direita Stanley Matthews já estava com 48 quando foi eleito por jornalistas o craque do ano na Inglaterra em 1963, e continuou na ativa até os 50 anos.

Com as peças que a Inter possui hoje, à espinha dorsal é formada por:

Julio Cesar – Goleiro nível seleção brasileira, contestado por alguns, mas acima dos demais no plantel. Neste ano completa 33 anos.

Lucio – A exemplo de Julio, zagueiro da seleção canarinho, é titular absoluto, prestes há completar 34 anos. Não é genial na zaga, mas sabe defender como poucos. Para Galvão Bueno suas arrancadas ainda enchem os olhos dos Italianos. A zaga ainda conta com Samuel de 33 anos e Córdoba 35.

Lateral não é considerado “membro” da espinha dorsal, mas este é fenomenal e deve ser tratado como tal. Maicon – Lateral direito de extrema qualidade, presença constante na seleção brasileira. É a válvula de escape da equipe pelos flancos, sem ele é outra Inter em campo. Completa 31 anos.

Zanetti – O interminável. No auge de seus 38 anos vem esbanjando vigor físico. A única explicação deve ser no seu código genético e empenhos nos treinos. Figura importantíssima por jogar em varias posições e manter qualidade. Trata-se do pulmão da equipe, não faz o tipo "corre por mim", pelo contrario, é ele quem corre pelos outros.

Cambiasso – Argentino e mordedor. Sabe fazer bem sua função, muitos o criticam por não ser brilhante com a redonda nos pés, mas ainda assim se destaca. Neste ano fará 32 anos.

Sneijder – O mais novo (28 anos) entre os titios. Meio de campo cerebral e essencial para equipe. Neste ano alguns o culpam pela fase da equipe, aparentemente perdeu o tesão de jogar. Stankovic é outro que vem oscilando na equipe.

Setor de ataque – Milito (32 anos) não desaprendeu a jogar futebol, mas pouco inspirado não vem sendo o que se espera dele. Viúvas ainda choram por Eto’o no Giuseppe Meazza. Diego Forlán (32 anos) parece ter sentido a pressão de jogar em um clube grande, Itália não é Espanha e tão pouco Madrid se compara a Milão. Pazzini (27 anos), apelidado de louco o que dizer? Vem marcando gols, é o que se espera dele.

Aspecto em relação às posições e exigências físicas: Laterais e meias são mais exigidos em relação à resistência física, pois percorrem, em média, 12 quilômetros numa partida contra os 8 quilômetros de atacantes e zagueiros. Por outro lado, beques e candidatos a artilheiros dão quase 50% a mais de piques curtos, em que o fundamental é a força muscular, justamente a aptidão física perdida mais cedo pelo corpo humano.

Deixo claro que ex-jogador em atividade não é o caso da Inter. Jogadores que demonstram estar com pouco empenho em treinos e jogos é "normal" em todo clube. Existe motivação maior que jogar na Inter e morar em Milão? E se não bastasse, recebem mundos e fundos para fazer o que ama.

Um dos maiores temores do torcedor Nerazzurri é em relação ao seu futuro. Jogadores que atualmente já passaram dos trinta e são figuras carimbadas no time, precisam ser substituídos a altura. O momento de transição entre uma geração e outra vem num piscar de olhos, se não for tratado com seriedade à bola de neve se torna cada vez maior, em resultado a isto temos tempo perdido e tempo é dinheiro.

Fontes de dados físicos referente à revista Super Interessante.