Não venha me dizer que está tudo bem.

Para muitos, o futebol brasileiro vive momentos de euforia fora de campo. Sobretudo, graças aos altos investimentos em contratações, com promessas de pagamentos de salários iguais ou até mesmo superiores ao do mercado europeu. Tudo isso impulsionado pelo aumento das cotas da TV e também pelo decantado crescimento econômico do país.

No entanto, basta um pequeno passeio por sites esportivos, um mínimo conhecimento de gestão, e uma pitada de bom senso desprovida da paixão cega que o esporte desperta para que a carruagem da prosperidade volte a ser a abóbora da crise.

E o primeiro argumento poderia ser o mais velho deles. As enormes dívidas trabalhistas que as agremiações ainda mantêm com atletas que por eles passaram há cinco, seis, dez anos, às vezes. Para não falar dos valores absurdos de débitos ainda pendentes com entidades públicas, entre outros. Situação que fere o princípio básico das finanças: como é que eu devo horrores e mesmo assim continuo a torrar dinheiro feito louco? Mas, esqueci, por aqui vale a máxima do "devo, não nego, pago quando puder", ou, como diria um conhecido, "dever não é crime".

Porém, não para por aí. Veja, por exemplo, a situação do Vasco da Gama. O Cruzmaltino é o atual campeão da Copa do Brasil, vice do Brasileirão, em consequência um dos times que, teoricamente, mais devia ter faturado ano passado. E em São Januário, desde dezembro, os salários estão atrasados.

Quadro não exclusivo da Colina, diga-se de passagem. Comum, no período recente, a Cruzeiro e Flamengo. Nas últimas temporadas, a dezenas de equipes do país.

Mas, por falar em Flamengo, não deixa de ser interessante observar o caso rubro-negro. Que foi notícia por não conseguir pagar o medalhão Ronaldinho Gaúcho. Que é notícia por investir pesado na contratação de Vágner Love. Claro afago no coração da Nação pela perda de Thiago Neves para o Fluminense.

Flu, aliás, que merece menção "honrosa" por gastar com o trio Thiago Neves, Deco e Wágner - um jogador em final de carreira, dois desconhecidos no cenário mundial - 70% do que o Barcelona dispende de salários com a sensacional dupla de meias Xavi e Iniesta - Para efeito de curiosidade, o salário do luso-brasileiro é equiparável ao do holandês Sneijder, da Internazionale.

Por fim, vale lembrar o problema que Palmeiras, Flamengo e São Paulo vêm enfrentando à cerca do chamado patrocinador master, aquele tradicional da frente das camisas. Ora, pois, se o desenvolvimento ocorre de verdade, como é que três dos maiores mantos do futebol brasileiro não conseguem despertar interesse de investimento por parte das empresas?

Enquanto isso, a Bundesliga, a liga alemã, divulgou um balancete que indicou uma receita receita de 2 bilhões de euros, com média de público de 42 mil pessoas na temporada 2010/2011. Sendo o mais importante o fato de os clubes terem fechado o exercício obtendo lucro na casa de 52 milhões de euros.

Como?

A gente conversa outra hora. Por enquanto, só não venha me dizer que está tudo bem por aqui...

Boa quinta!