Até o dia...




O início peço permissão para copiar de um texto do Emerson Gonçalves, do blog Olhar Crônico Esportivo, sobre a trágica e precoce morte do jornalista Daniel Piza, ocorrida há poucos dias.  Tais palavras retratam bem meu estado de espírito por agora.

"Chove. Choveu a noite inteira e madrugada adentro. Ia dizer que o ceu está plúmbeo, mas começar o ano com plúmbeo é dose, então, o ceu está cinzento, de ponta a ponta, sem uma única abertura por onde vislumbrar uma estiada e a cara do Sol.

É bom. Ainda estamos com menos água que o necessário. Água é vida. Vida que surpreende, choca, entristece".

No meu caso específico, que surpreendeu, chocou e entristeceu pelos meus próprios erros.


Ao longo dos anos, o amigo leitor se acostumou com a contundência dos textos por mim escritos. E, através deles, em geral, criou uma boa imagem ao meu respeito.

"Bom moço, adepto dos valores de vida corretos, de sólida base familiar", foram alguns dos elogios que tive o prazer de receber no bom número de e-mails e comentários dos posts, em todo esse tempo de "trabalho".

Além disso, se acostumou justamente ao intenso questionamento à falta de "bom mocismo", do desapego aos valores de vida corretos, e às deficiências na formação familiar dos atletas, sobretudo dos jogadores de futebol.

Sinto muito, mas não posso continuar a enganá-los, caros.

Não posso, não devo.

Depois de magoar aquela que é a pessoa que mais amo na vida, ao lado do meu pai, da minha mãe e da minha irmã, não.


Não que eu seja desprovido de valores morais ou não tenha recebido a educação necessária dos meus entes queridos. Não é isso, pelo contrário. Nos bons e nos maus exemplos, porque os maus exemplos acontecem e servem de ensinamento também, eles sempre me mostraram o caminho certo, junto a outras pessoas com quem tive o prazer de conviver. A culpa é exclusivamente minha.


E, assim, não posso mais vir aqui vender a imagem do bom moço perfeitinho.

Não posso mais criticar Adriano, Fred, Neymar, ou quem quer que seja.

Porque se eu, um legítimo Zé Ninguém, já velho, consegui magoar alguém que digo amar, imagina tivesse a fama ou o dinheiro daqueles que espezinho.

Não, não é um adeus.

Não, não é um até breve.

O correto é até um dia.

Melhor, o correto é até o dia.

O dia que eu falar e também agir.

Um abraço.