As faces do Grêmio de Caio Junior

Foram apenas dois jogos pelo Gauchão 2012, mas Caio Junior já demonstra usar o estadual como um laboratório para então firmar o melhor Grêmio. Em 180 minutos jogados com o time principal, Caio já usou quatro esquemas – 4-4-2 em duas linhas; 4-2-3-1; 4-4-2 em losango; 3-5-2. Todos com a mesma filosofia de jogo, este último partiu da criatividade do treinador, soube ler a partida e aplicar o que a equipe carecia.

A filosofia e estilo de jogo se mantêm independente do esquema adotado, Caio sempre enfatizou a importância da velocidade. Na estréia o time dominou, mas não fez gol. Para segunda partida o esquema adotado foi o 4-4-2 em losango e as principais virtudes vistas na estréia foram perdidas.

Imediatamente o treinador mudou e conseguiu sua primeira vitória na competição e com bom desempenho.

O time sempre priorizou a posse de bola, girava até encontrar espaços. Laterais fazendo passagens, meias se aproximando dos homens de ataque e um dos atacantes recuando para quebrar a marcação e artircular.

O time sempre jogando compactado e com linhas adiantadas, volantes sendo opções de passe, mas deixando espaço as suas costas.

Transição ofensiva é com passe curto, aproximação e passagem de um dos laterais. Atacando sempre com 5 homens. Defensivamente a transição dependia da velocidade de recomposição do lateral e volantes.

Em ambos os jogos a bola aérea comprometeu o jogo. Problema de 2011 volta com força.

4-4-2 em duas linhas
4-4-2 estilo inglês
A primeira e mais esperada partida dos últimos anos, Kleber estreando e esquema que prometia ser uma revolução no futebol brasileiro, logo caiu por terra. O primeiro esquema foi o 4-4-2 em duas linhas que se assemelha ao Manchester City, com dois volantes bem centralizados com atribuições ofensivas - Fernando e Léo Gago organizam e concluem.

Dois meias abertos pelos lados - Douglas sai da direita para o centro, onde organiza as jogadas, Marco Antonio faz parceria com o lateral - e dois atacantes procurando espaço para as infiltrações. Ofensivamente com muitos homens, mas pouca penetração e finalização. Defensivamente o cobertor curto era evidente, quando atacava deixava a defesa exposta a contra-ataques.

4-2-3-1
4-2-3-1 não empolgou, pois além do cansaço físico lembrou o Grêmio de Celso Roth.
No intervalo Caio logo mudou. Partiu para o 4-2-3-1, esquema utilizado por Celso Roth no ano passado. Dentre os esquemas adotados este foi que mais prejudicou a equipe, tratou-se de uma resposta defensiva ao adversário.

O time não correspondeu, Leandro e Marco Antonio distanciaram ainda mais de Kléber e Douglas apagou do primeiro para o segundo tempo. Como o treinador havia citado o ritmo da equipe caiu, as pernas pesadas tornaram-se ainda mais. Equipe não conseguiu transformar superioridade numérica em gols, sofreu para criar situações e ainda sofreu gol em contra-ataque.

4-4-2 em losango
Esquema adotado para equilibrar o time, e melhor acomodar os jogadores em suas respectivas funções.
Segunda partida e terceiro esquema : 4-4-2 losango.  Desta vez, semelhante ao de Renato Gaúcho nos anos de 2010 e 2011. Caio havia citado que o tricolor perderia velocidade, mas priorizaria Marco Antonio e Douglas que enfim jogariam nas suas posições.

Permitam-me o termo, mas o time foi broxante. O passe envolvente e Douglas – que jogou bem primeiro jogo – sumiram. Era sim outro Grêmio em campo, este priorizava a ligação direta e se acomodou com o resultado cedo.

Quando e em raras exceções o time jogava como no primeiro jogo, com volantes apoiando e aproximando as linhas, compactação sem deixar espaços à equipe adversária. Fernando foi o primeiro volante e passador da equipe, por ele passavam os primeiros passes, por vezes centralizou de mais e ainda cadenciou quando era necessário acelerar. Esquema ainda variou para um torto 4-3-2-1 arvore de natal, usado na Itália, Kléber era quem recuava e alinhava-se a Douglas.

3-5-2
Inovador o 3-5-2 não era esperado, mas pode se tornar o esquema do ano.
Novamente Caio Junior mudou a equipe no intervalo. Atitude que remete o treinador a assumir seus erros e logo tentar reverte-los.

Adotado o 3-5-2 com entrada de Gabriel na ala direita. Outro time em campo, com a então velocidade prometida por Caio. Saída de bola era variada com laterais que logo aceleravam procurando Douglas ao centro. Zagueiros atuavam abertos e Saimon como libero. Léo Gago era volante com maior liberdade e Fernando mais preso a marcação, mas com liberdade de adiantar-se, compactar o time e pegar o rebote ofensivo.

Esquema este que deu sobrevida a Douglas, Gabriel voltou a brilhar com jogadas individuais de linha de fundo e infiltrando na área. Julio Cesar manteve boa atuação. Curiosamente os dois alas estavam sempre apoiando e servindo de opção ao companheiro. Defensivamente o time se postou bem e não deixou os buracos de outros “carnavais”, zagueiros jogando adiantados e com Fernando a sua frente, um losango defensivo.