Sobre a derrota do futebol brasileiro

Muito se analisou a derrota do Santos para o Barcelona. Ouviu-se que o Barcelona é imbatível, que não haveria como marcá-lo, que Muricy errou ao escalar 3 zagueiros, que Neymar não seria tão bom, entre outras coisas.

Mas pouco se falou do pior.

No domingo, às 8h30, vimos uma aula de futebol, mas principalmente uma devoção.

O Santos, melhor time das Américas, entrou em campo como se jogasse contra seus professores; como se jogasse contra seres inatingíveis, de outra realidade.

Não houve confronto entre adversários: houve confrontos de mestres e súditos.

Mas pera aí: os súditos são os mentores do bom futebol? Os súditos seriam os brasileiros?

A cada falta marcada no jogo, os atletas santistas se dirigiam aos jogadores do Barça como se pedissem desculpa, olhando de baixo para cima, como se suplicassem por perdão.

Mas perdão do que, se falta faz parte do jogo?

O futebol brasileiro, representado pelo seu melhor time, foi ao Japão para babar o Barcelona, manifestar sua idolatria, pedir desculpas e camisas para distribuir.

Mas por quê?

Por que fazer isso, se a inspiração da filosofia barcelonista é o próprio futebol brasileiro?

Guardiola disse que “O que nós tentamos fazer é passar a bola o mais rapidamente possível, o que o Brasil fez em toda a sua vida. É o que contavam meus pais e avós.

Então espera um minuto: os pais e avós de Guardiola viam e admiravam o futebol brasileiro.

Aí o Barcelona decide implementar a filosofia tupiniquim, copiando o futebol praticado principalmente pelas seleções de 1970 e 1982.

Chegando os espanhóis ao melhor nível, nós, brasileiros e mentores disso tudo nos curvamos à nossa filosofia? Praticada por espanhóis?

Por que nós não a praticamos?

Por que raios nos acovardamos diante de um reflexo nosso?

Perdemos para um aprendiz.

Seria como dizer que o discípulo superou o mestre.

Quantas vezes se ouviu o nome do bom Arouca?

Sem dúvida nenhuma, eu acreditei mais no Santos do que qualquer um de seus jogadores, e isso está muito errado.

Galvão Bueno – ele mesmo – definiu bem o fatídico confronto:

“O Santos fez um grande ano, isto tem que ser dito. Foi campeão, ganhou a Libertadores e encantou. Fico triste quando dizem que foi um passeio do Barcelona contra o Santos. Não, foi um passeio que o futebol espanhol deu no futebol brasileiro”.

Vamos lamentar a derrota do futebol brasileiro.

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