O amor é cego


Segundo o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro está em torno de 73 anos. Número ainda baixo quando comparado aos países desenvolvidos, mas que representa um aumento significativo em relação ao passado, fruto da relativa melhoria nas condições de sobrevivência, dos avanços na saúde e das inovações tecnológicas.

Pois bem. Hoje, dia 16 de novembro de 2011, poucos meses depois da divulgação do resultado do último censo demográfico, peço ao glorioso Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que corrija esses números. Porque para quem torce para o Fluminense esse dado gira na casa de 33 anos. Idade máxima que o blogueiro atingirá, caso o Tricolor continue, em 2012, a proporcionar as noites de tensão de agora. Presentes de uma defesa que transforma o atual campeão brasileiro, há momentos, em uma verdadeira baranga. Aquela mulher linda, com a qual você pensa não ter chances, mas que, de repente, em troca de uma misera cerveja, e das mais vagabundas, sai com o barrigudo esquisito, que estava encostado, arrotando álcool no canto do bar.

E a metáfora nem é minha. É retirada de uma crônica, se não falha a memória, vou conferir, de Fernando Vanucci, escrita para a Playboy, após a Copa de 86, na qual o apresentador chorava suas mágoas pela derrota da então Dinamáquina- a loira gostosa do Mundial - para a Espanha, nas oitavas do torneio.

Só que há uma diferença. Aliás, duas: O Fluminense nem de longe tem a qualidade da equipe de Laudrup e Elkjaer. E, enquanto a equipe de Laudrup e Elkjaer comportou-se feito baranga apenas em uma partida, o Fluminense enfrenta seus momentos de desespero em vários momentos de um mesmo jogo, em diversos jogos.

E foi assim contra o Grêmio. Onde o onze dos passes precisos de Deco foi o mesmo da loucura do boi bravo Diguinho. Onde o onze dos quatro gols de Fred foi o mesmo da inutilidade de Valencia. Onde o onze do pé calibrado de Rafael Sóbis foi o mesmo da insegurança de Leandro Euzébio e da afobação, por enquanto, perdoável do menino Elivélton. Onde o onze da raça de Marquinho foi o mesmo das falhas de Cavalieri.

Mas, no final das contas, nada disso importa. Melhor, um pouco de tudo isso importa. Os passes precisos de Deco, os quatro gols de Fred, o pé calibrado de Rafael Sóbis, a raça de Marquinho.

Já o lado baranga, da loucura do boi bravo Diguinho, da inutilidade de Valencia, da insegurança de Leandro Euzébio, da afobação de Elivélton e das falhas de Cavalieri, a gente, essa noite, deixa para lá. Porque, diz o ditado, o amor é cego. No futebol, ainda mais em horas felizes.

Abraço!

Texto do colunista Roberto Júnior.