No Brasil da minha imaginação...


Não, não é no Brasil.

É na minha imaginação.

No Brasil da minha imaginação.

É dia de clássico.

Faltam três horas para a bola rolar.

Os torcedores vão chegando.

Juntos.

Entrarão no estádio pelo mesmo portão.

Claro, há as tradicionais gozações.

Mas, no geral, o clima é de paz.

De repente, um indivíduo se exalta.

Quer aparecer.

Logo cai na real.

É contido pelos próprios colegas.

>Que só querem saber de festa.

Que também é grande no restante da cidade.

Barzinhos e botecos lotados.

Nos pontos de ônibus e estações de trem, camisas dos dois times.

Não há medo.

Entre as brincadeiras, impera o respeito.

O árbitro apita.

Começa a peleja.

Nas arquibancadas, todos querem viver.

E ninguém grita que o adversário vai morrer.

Dois gols para um lado.

Apenas um para o outro.

Um dia, um ri, outro chora.

No seguinte, um chora, outro ri.

E lá vão eles para casa.

Claro, com as gozações.

Mas em um clima de paz.

Onde impera o respeito.

O episódio pode servir para reflexão.

Melhor, deve servir para reflexão.

Digo, deveria servir para reflexão.

A culpa maior não é de São Januário.

Do Vasco.

Do Botafogo.

Do Flamengo.

Do Fluminense.

Da CBF.

Do Governo.

Ou da PM.

É do torcedor.

Corrijo, é do vândalo travestido de torcedor.

Que briga no estádio.

Que não sabe se comportar.

Que agride.

Que atira.

Que mata.

Se o futebol não houvesse virado guerra, nada importaria.

Não importaria a capacidade do estádio.

O número de acessos ao estádio.

A largura das ruas ao redor do estádio.

A quantidade de portões no estádio.

A PM apenas faz seu trabalho.

Porque ela sabe que o futebol, infelizmente, virou guerra.

Que não pode ser travada em um estádio pequeno.

Com poucos acessos.

Ruas estreitas ao redor.

E apenas um portão.

Mas, uma dica, amigo.

Ao invés de reclamar, reflete.

Porque se um dia o Brasil for aquele lá de cima, o da minha imaginação, seu time poderá jogar o clássico onde bem entender.

Entendeu?

Bom sábado a todos!