E os falsos moralistas...

Que vivemos em um mundo de falsas aparências, isso é notório, pelo ao menos para este que vos escreve. Mas de uns tempos para cá, com o febre das redes sociais e chance de qualquer ser com computador e acesso a internet emitir opinião - atualmente quase todos possuem com a tal inclusão digital - surgiram em paralelo os falsos moralistas.


A função dos falsos moralistas na sociedade é julgar. Agora junte a estes, um tema polêmico e uma rede social propícia. Pronto, está feito o estrago!

Entre os assuntos mais comentados sempre estão os seguintes temas : Futebol, Celebridades, Shows ou algum assunto que tenha o tema entretenimento como plano de fundo. Até ai tudo bem, pois muitos utilizam este meio de comunicação para se divertir. Mas até que ponto vai esta diversão? Quais são os verdadeiros limites entre o que é uma brincadeira e um assunto sério?

Esta semana o assunto foi o jovem jogador do Grêmio, Mário Fernandes, que recusou uma convocação para a seleção e acabou sendo posto em questionamento, principalmente sua vida particular.

Como já é de praxe, os falsos moralistas aparecem e colocam "a boca no trombone".

Dizem :

"Com o sálario deste cara, ele não poderia recusar"

"Ele recusou servir a pátria"

"Ele fez para aparecer"

Como comentei no blog do Rodrigo Carvalho, este caso do Mário Fernandes, só é bom para mídia esportiva. Que entope os portais com notícias sobre o jogador, buscando informações de sua vida pessoal.

Querem motivos, querem polêmica, querem vender sua notícia!

Mas ninguém é obrigado a fazer nada, até mesmo servir sua seleção. Muito menos se não estiver preparado psicologicamente, como afirmou Mário.

E não me venham com o discurso moralista e patríotrico de que servir a seleção é honrar as cores do país. Até porque a seleção há tempos é da CBF, ao qual Ricardo Teixeira já se apropriou também. Alias tenho nojo e repulsa ao citar Teixeira. Mas fazer o que? É a realidade de nosso futebol brasileiro.

Mário Fernandes foi sim corajoso ao negar uma convocação.

A seleção pode já ter sido, mas não é do povo. A seleção é da CBF, a seleção é da Nike, a seleção é de empresários, a seleção é de Ricardo Teixeira.

Ontem ao visitar o blog do parceiro Rodrigo Carvalho, ele mencionou que seu pai havia comparado a seleção brasileira de futebol ao serviço militar.

Achei uma comparação infeliz, mas consigo entender.

Na cabeça dos mais velhos, a seleção ainda representa o povo.

Para eles, a seleção ainda não se tornou vitrine de jogador para a Europa.

Mas infelizmente virou! A seleção é vitrine.

Futebol é entretenimento!

O exército brasileiro, este sim defende o seu país.

Mas muitos brasileiros acham, que o futebol é que representa o país.

Votação é bobagem! Pensam alguns.

Corrupção no governo. Estou pouco me lixando! Pensam outros.

A saúde está um lixo. Foda-se, tenho plano de saúde! Pensam mais alguns.

A educação está de mal a pior. Meu filho vai estudar em escola particular. Pensam outros.

O time destes individuos está em má fase! Ah, ai a conversa muda.

Logo surge bravos revolucionários : Precisamos fazer uma mobilização contra os jogadores, técnico, diretoria. Vamos invadir o CT.

É uma questão de vida ou morte.

Alias, quantos casos já não ouvimos de mortes de torcedores por causa de assuntos banais?

Infelizmente o Brasil é assim amigo.

Levamos o que era para ser entretenimento, a sério demais...

É como disse Oscar Wilde, "Um jogo de futebol é muito importante para ser levado a sério."

Pois bem, por isso ressalto no #papodebuteco com muito orgulho : Futebol aqui é só petisco!

Um forte abraço,

Douglas Nacif.