Por que não aprender?

Muricy e os ratos
O tema é sugestão do amigo @LeonardoFowl.

A mecânica é bem conhecida. Imagina que você vai a uma loja comprar um sapato e é mal atendido pelo vendedor. O que acontece? É certo que seu vizinho, seus amigos e familiares saberão logo, logo dos apuros por que passou na aquisição de seu mais novo bem. É a chamada propaganda "boca a boca" causando mais alguns de seus típicos estragos. Danos esses potencializados hoje em dia por diversos sites, exclusivamente destinados a receber reclamações de clientes ofendidos, e pelas redes sociais da moda. No Twitter, por exemplo, volta e meia recebo tweetadas e retweetadas de consumidores irritadíssimos com algum produto ou serviço.

Mas agora, vislumbra aí uma outra situação bem comum. Suponha que você é um profissional de currículo impecável, com MBA, mestrado e doutorado em faculdades renomadas e publicações em diversas revistas científicas do mundo. E, por conta de tamanha excelência, tenha recebido e aceito uma proposta milionária pra trabalhar em uma certa empresa. Só que ao lá chegar você percebe que comprou gato por lebre. Ou melhor, verifica que o salário é realmente muito bom, mas as condições de trabalho são péssimas. Há intrigas em demasia, seu chefe não lhe ouve e o plano de carreira não é dos mais agradáveis. Ora, com uma empregabilidade ótima é lógico que sua estada na nova casa não durará nada. E, claro, você não pestanejará na hora de contar aos colegas sobre a furada que se meteu. Olha então a propaganda "boca a boca" do primeiro parágrafo fazendo mais uma de suas vítimas.

Quando o amigo, tricolor fanático, @LeonardoFowl me sugeriu esse tema, creio que pretendia ver um outro enfoque por parte do blogueiro. A intenção do colega, válida, diga-se de passagem, era que eu criticasse o aparente deserviço que Muricy Ramalho prestou ao Fluminense quando escancarou as péssimas condições estruturais do clube, atitude que, além de piadinhas infames na Grande Rede - o ratinho aí  de baixo, supostamente malhando na sala de musculação do Flu é um exemplo -, gerou a negativa de vários treinadores diante de propostas para que assumissem o clube das Laranjeiras. No entanto, me pergunto, será que nosso ex-treinador não prestou, de forma inconsciente, um grande favor à insituição?



Seja no meio empresarial ou em uma escola, os gestores modernos adotam uma poderosa ferramenta no importante momento de avaliar se uma determinada ação ou processo cumpriu o objetivo proposto. Por exemplo, é bastante comum que professores, após uma aula, passem fichas de crítica a seus discentes para que, através desse feedback, tenham condições de determinar onde necessitam aperfeiçoar seu trabalho. E nem precisamos ir muito longe pra entendermos como esse importante aliado funciona. Eu mesmo costumo colocar meu e-mail/MSN no final dos posts justamente pra que você leitor possa me ajudar a melhorar o espaço. Como o fez o @LeonardoFowl, inclusive.

Perceberam? Se houver maturidade da administração e uma boa relação entre os gerentes e os colaboradores, o feedback torna-se essencial no desenvolvimento de um projeto, serviço e até mesmo de um clube de futebol.

Claro, talvez Muricy não tenha sido legal ao escancarar publicamente a presença dos ratos no vestiário. Assim como Belletti não deveria ter justificado seu pífio desempenho em sua passagem pelo Flu devido à falta de um armário. Porém, ficam as questões: será que se a diretoria desse o devido valor a esse retorno lhe oferecido por seus colaboradores tais episódios teriam ocorrido? Ou o mais bacana, será que o Tricolor já não estaria em um nível, no mínimo, razoável de estrutura?

Cai no que a gente sempre fala por aqui. Não adianta o Fluminense apelar pro poder financeiro e, junto a seu patrocinador, querer encher o elenco de medalhões e colocar no comando um técnico, como diz a moda, vencedor. Porque comprometimento movido a notas, ainda que muitas, dura pouco, vira apenas obrigação. É o que a Gestão de Pessoas chama de "comprometimento normativo". O que conta de verdade é o "comprometimento afetivo", traduzindo, o importante é ser feliz no trabalho. E isso, por mais que gritemos o contrário, também vale pra quem lida com futebol. Quando é que nossos cartolas assistirão a essa aula? 

Abraço!