Quando o Marketing cobra seu preço.

Os corinthianos tem razão de estarem na bronca. Ser eliminado pelo outrora desconhecido Tolima é dose para leão, concordo. Mas, espera aí, fiel amigo, também há, embora pequena, a sua estimada participação na vergonha em terras colombianas, ontem.

Volte um pouco no tempo. Mais precisamente na apresentação de Ronaldo no Parque São Jorge. Bonita festa, para coroar o início da era do Marketing. Sim, porque passavam longe dali as garantias de títulos e conquistas. Ali, naquele gramado, não pisava o "Fenômeno" do PSV e do Barcelona, mas apenas um homem gordo, que em nada lembrava um atleta. À luz da razão, era simples assim.
Claro, não era um homem gordo qualquer. Era um que sabia jogar bola. Que tinha a técnica. Que, em meio a debilidade do futebol brasileiro, poderia render uma ou duas alegrias. E que, sobretudo, possuía uma decantada capacidade de "dar a volta por cima".

E você, passional, caiu no conto. Impulsionado pelos holofotes, por um Campeonato Paulista e uma Copa do Brasil, passou a crer em uma nova era, regada a uma fórmula ultrapassada.

Em menor escala, o Corinthians apostou em estratégia semelhante a do Real Madrid, tempos atrás. Resolveu formar os "Galácticos" tupiniquins. E não se pode dizer que o repeteco da burrice estrangeira tenha sido um fracasso. O clube vendeu camisas, arrecadou dinheiro, foi destaque na mídia, viabilizou o chamado estádio próprio. Tudo com sua digníssima anuência.

Mas, havia momentos, aparecer na televisão e despertar a inveja alheia não bastava. Faltava algo. Exatamente, a sonhada Libertadores. Só que não se ganha Libertadores apenas sendo campeão de audiência às quartas e domingos, o Timão se esqueceu disso. É preciso ter elenco. Era preciso ter Elias. Não era necessário ter Ronaldo. Talvez, nem mesmo Roberto Carlos.

E como o assunto atende pelo nome Ronaldo, falemos também do outro, o Gaúcho. Ontem, assisti ao primeiro e a um pedaço do segundo-tempo de Flamengo X Nova Iguaçu. E, sem nenhum despeito ou algo do gênero, o que vi de melhor foi a dupla de cabeludos dos Laranjas da Baixada. Tudo bem, o astro da noite deu alguns bons passes e bateu uma falta com categoria. Enfim, tal qual o xará em sua estreia, há cerca de dois anos, mostrou que pode render uma ou outra alegria ao Rubro-Negro. Mas será que, nas horas derradeiras, em uma Libertadores, ou em um Brasileirão, a História não se repetirá?

Porque, convenhamos, o início é idêntico. Uma atuação deveras razoável, transformada e supervalorizada pela mídia e pelos torcedores em um promissor cartão de visitas.

Cazuza um dia cantou que via o futuro repetir o passado. Estou com ele. Porque na partida do Engenhão, tive a sensação de estar diante de um museu de grandes novidades. Um ídolor à meia-bomba sendo reverenciado por uma massa ensandecida. E depois, parceiro, não adianta reclamar. Cedo ou tarde, a obsessão pelo Marketing tem cobrado seu preço. Que digam os corinthianos...
Abraço!