Taça Brasil não é Campeonato Brasileiro

Amigos, a CBF ainda não anunciou sua decisão sobre a "unificação dos Campeonatos Brasileiros", mas alguns canais de notícia já dão como certa a equiparação dos "Campeonatos Brasileiros pós-1971" com o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967-1970) e com a Taça Brasil (1959-1968). Já expus minha opinião sobre o assunto. Repito agora: se a CBF incluir mesmo a Taça Brasil, terá sido uma decisão política, e não técnica. Se a CBF respeitar sua própria história, reconhecerá apenas os Torneios RGP (como a própria entidade reconhecia em seus boletins da década de 70).

Exponho abaixo mais onze argumentos para demonstrar que a Taça Brasil jamais poderia ser considerada um Campeonato Brasileiro. (que fique bem claro: isto não tira o mérito dos campeões, especialmente o Santos, pentacampeão da Taça Brasil, provavelmente o melhor time da história do futebol)

1) A Taça Brasil sempre foi, em todas as suas edições, uma competição exclusivamente mata-mata, formato totalmente diferente dos adotados no Campeonato Brasileiro, de 1967 até hoje.

2) Alguns clubes precisaram de apenas quatro ou cinco jogos, contra dois adversários, para conquistar a Taça Brasil. Equiparar um torneio assim com as atuais 38 rodadas do Brasileirão beira ao ridículo.

3) Considerando os doze grandes clubes brasileiros (Atlético, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco), cada Campeonato Brasileiro (1967-2010) teve a presença de pelo menos DEZ deles. Comparem com o número de grandes participando de cada edição da Taça Brasil:
- 1959: quatro (Atlético, Grêmio, Santos e Vasco).
- 1960: quatro (Cruzeiro, Fluminense, Grêmio e Palmeiras).
- 1961: quatro (Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e Santos).
- 1962: quatro (Botafogo, Cruzeiro, Internacional e Santos).
- 1963: quatro (Atlético, Botafogo, Grêmio e Santos).
- 1964: cinco (Atlético, Flamengo, Grêmio, Palmeiras e Santos).
- 1965: quatro (Grêmio, Palmeiras, Santos e Vasco).
- 1966: cinco (Cruzeiro, Fluminense, Grêmio, Palmeiras e Santos).
- 1967: cinco (Atlético, Botafogo, Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras).
- 1968: cinco (Botafogo, Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e Santos), com dois abandonos (Palmeiras e Santos).

4) Torneios modernos, como a Copa do Brasil e a Copa dos Campeões, disputados por times classificados por critérios semelhantes aos da Taça Brasil, também teriam que ser elevados ao status de Campeonato Brasileiro, por uma questão de coerência.

5) A Taça Brasil de 1968 teve várias desistências, a tabela precisou ser reorganizada, e a final só foi disputada em outubro do ano seguinte. (para um público menor que 15 mil pagantes, numa época em que o Maracanã abrigava frequentemente públicos de mais de 100 mil pessoas).

6) A Taça Brasil de 1961 não contou com as presenças de Fluminense, Flamengo, Botafogo e Vasco. Imaginem um Campeonato Brasileiro sem um grande do Rio de Janeiro sequer...

7) Corinthians e São Paulo, dois clubes grandes do futebol brasileiro, nunca chegaram a disputar a Taça Brasil. É justo determinar que um clube é campeão brasileiro, sem dar chances a essas duas potências?

8) Seriam criadas distorções em várias estatísticas. O Inter deixaria de ser o único campeão brasileiro invicto (1979). Flamengo, Cruzeiro e Inter deixariam de ter disputado todas as edições do Campeonato.

9) O Atlético Mineiro eliminou o Botafogo nas quartas-de-final da Taça Brasil de 1967, acreditem, no cara-ou-coroa.

10) O Palmeiras passaria a ser considerado bicampeão brasileiro no mesmo ano (ganhou o Brasileirão e a Taça Brasil em 1967). Somente uma entidade bizarramente desorganizada aceitaria tamanha distorção histórica.

11) Também teríamos dois campeões em 1968: o Santos (que conquistou o Brasileirão de fato), e o Botafogo (que conquistou uma esvaziada Taça Brasil, já em outubro de 1969).

Texto enviado por Paulo César, o PC, do blog Jornalheiros.

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