Por que o susto, playboy?

Guerra no Brasil, Guerra no RJ

Não é tema do Blog, mas é tema da vida de todos nós. Perdoem.

O Rio de Janeiro vive dias de guerra. Aliás, não é de hoje que o Rio de Janeiro e outras grandes cidades do Brasil vivem dias de guerra. Aliás, não é de hoje que uma boa parte das cidades brasileiras, sejam grandes ou pequenas, vivem dias de guerra.

Há pouco, por exemplo, em Guaratinguetá, na porção paulista do Vale do Paraíba, onde moro, uma amiga dos tempos da faculdade foi assaltada em um ponto de ônibus, às sete e meia da noite, por um menino de uns 14 anos de idade.

Não importa, parceiro. Estejas no norte, nordeste, sudeste, sul, ou centro-oeste desse país de dimensões continentais, tu não gozarás daquela sensação de segurança plena, a que deverias fazer jus, graças à carga exorbitante de impostos que pagas.

Mas, chega de escrever na segunda pessoa e fazer pose de intelectualzinho barato. O papo aqui, agora, é reto. Curto e grosso.

Me diga aí, ô playboy, por que o susto com o que anda a acontecer na Cidade Maravilhosa? Tá com medinho, é?
Mas, paremos também com esse papo de Capitão Nascimento, pois, particularmente, confesso, estou morrendo de medo. Nem tanto por mim, mas por uma irmã, que mora na capital fluminense e, há dias, impede meus pais, pessoas já de certa idade, de dormirem tranquilamente.

A ideia desse espaço, nessa sexta-feira, é apenas propor uma reflexão e levantar uma questão um tanto perturbadora: até que ponto aquele ratos, filmados em fuga desabalada, da Vila Cruzeiro não são meros frutos, ou, por que não dizer, filhos de todos nós?

Vivemos uma era de inversão de valores total. Golpes, trambiques, falta de educação e estupidez estão presentes em quaisquer segmentos do nosso cotidiano. Ser honesto é ser ultrapassado. Virtudes transformam-se defeitos. Defeitos em predicados.

E aí, é imperativo ressaltar, o parágrafo anterior aplica-se a todas as classes sociais. Caso contrário, estaríamos concorrendo para o que o deputado Marcelo Freixo definiu muito bem como a "criminalização da pobreza". Há gente boa e gente ruim nas favelas e nas mansões, concordam?

Nunca me esqueço de um lindo texto do Lúcio de Castro, sobre os bastidores do podre processo de formação e aliciamento dos meninos boleiros nos países subdesenvolvidos. Que, inclusive, serviu de matéria-prima para alguns escritos meus, não sei se os amigos lembram.

Mas o fato é que, nele, o jornalista cita a diretora de cinema Kátia Lund e seu parecer, em relação ao processo de formação da comunidade que é hoje conhecida como Cidade de Deus. "Você vai jogando gente para debaixo do tapete, como se elas não existissem, tratando como bicho. um dia vai dar problema", profetizou Kátia.

Percebem? A sociedade acomodou-se. Instituticionalizou a violência. Foi descuidada com a educação. Displiscente na hora de cobrar melhorias. Preocupou-se em ter, esqueceu-se de ser.

E enquanto isso, a bola de neve só fez crescer, crescer e crescer. Até, literalmente, descer a montanha com força total.

Policiamento em massa é solução? Exército nas ruas é solução?

Não. São só bons paleativos.

O que o Brasil precisa é de uma imensa revolução de costumes. Que, talvez, aconteça daqui a outros quinhentos e dez anos.

Pois, então, meu Deus, olhai por nós...

Abraço!