[Histórias do Futebol] O Gênio das pernas tortas...

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Domingo dos pais, dia de agradecer ao homem que te serviu de exemplo por anos. A figura paterna é sim essencial, mesmo muitas línguas insistindo em desmerecer ou até mesmo tirar os méritos das grandes responsabilidades ali presentes, pai.

Pai é quem cuida, quem educa, quem mostra o caminho correto a seguir. Logicamente que em toda regra a exceções! Mas o fato é que um verdadeiro homem vai ser pai também.
Pai,
Lembro-me das tardes de domingo ao qual assistia aos jogos com meu pai, tios e meu saudoso avô Nacif, que infelizmente não se encontra mais entre nós. Reafirmo, como o esporte, em questão o futebol, une os índividuos.

Inúmeras foram ás vezes em que o assunto da "mesa redonda" familiar foi o futebol. Rádios sintonizados, Tv em alto volume, dedos cruzados e muitas divergências.

As divergências paravam ao se falar do gênio das pernas tortas, Mané Garrincha. Saudoso eram os tempos do futebol arte! Quantos documentários e textos li a respeito do botafoguense das pernas tortas, que encantou uma geração.

Como é dia dos pais, em homenagem a meu pai e a meu querido avô, botafoguenses de alma e coração e apreciadores do futebol de Garrincha, dedico um texto do livro Futebol ao Sol e a Sombra, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.

Garrincha

Nunca houve um ponta-direita como ele (…). Foi o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol. Quando ele estava lá, o campo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava que lhe tomassem a bola, menino defendendo sua mascote, e a bola e ele faziam diabruras que matavam as pessoas de riso: ele saltava sobre ela, ela pulava sobre ele, ela se escondia, ele escapava, ela o expulsava, ela o perseguia. No caminho, os adversários trombavam entre si, enredavam nas próprias pernas, mareavam, caíam sentados.


Garrincha exercia suas picardias de malandro na lateral do campo, no lado direito, longe do centro: criado nos subúrbios, jogava nos subúrbios. Jogava para um time chamado Botafogo, e esse era ele: o Botafogo que incendiava os estádios, louco por cachaça e por tudo que ardesse, o que fugia das concentrações, pulando pela janela, porque dos terrenos baldios longínquos o chamava alguma bola que pedia para ser jogada, alguma música que exigia ser dançada, alguma mulher que queria ser beijada (…)

Esse é Garrincha!!!!

Um feliz dia dos pais e um forte abraço,

Nacif.