Época de tiranos e subalternos, metrópoles e colônias. Falo da América de meados do século XIX. É esse o ponto de partida de uma história sobre heróis, impérios e – claro – futebol. Nessa mesma época, nesse mesmo continente, 5 desbravadores fincaram seus nomes nos livros de história. Entretanto, seus feitos ecoaram melhor nas páginas esportivas.
Mais do que meros ícones da história latina, esses personagens fazem, hoje, ainda que indiretamente, parte do torneio interclube mais prestigiada da América, a Copa Libertadores da América. Devo, pois, encerras as delongas e apresentar, ao caro butequeiro, os cinco libertadores da América: Simón Bolívar (1795-1830), venezuelano; D. Pedro I (1798-1834), português; José de San Martín (1778-1850), argentino; Antonio José de Sucre (1795-1830), venezuelano; e Bernardo O´Higgins (1778-1842), chileno.
Todos são, de uma forma ou de outra, lembrados a cada edição da competição, seja no sorteio dos grupos ou dos mata-matas, seja nos gritos de guerra de cada torcida. Afinal, dão nome à disputa que, diga-se de passagem, acontece desde 1960 e levava o fortuito campeão ao Japão, recentemente a Dubai, terra do cobiçadíssimo campeonato mundial. Entre os países, a Argentina lidera em número de títulos, totalizando 22.
Apesar da supremacia azul e branca, outros países têm atenção especial da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), a entidade que organiza o torneio. Exemplo disso é o México, que, mesmo pertencendo à América Central, teve alguns times incluídos no rol de participantes, a fim de que se acirrassem as rivalidades internacionais pelo troféu.
A Copa Libertadores da América nestes primeiros confrontos da fase eliminatória, nos proporcionou fortes emoções e ainda está proporcionando. Libertadores, um misto de malícia, raça, força e superação. Logicamente, as qualidades técnicas e individuais dos jogadores são relevantes, mas a força do conjunto e a tradição na competição são fatores importantes. O peso da camisa em competições internacionais faz sim, muita diferença.
Libertadores da América, competição esta tão sonhada e admirada por todos clubes. Os times brasileiros projetam seu ano inteiro, em detrimento a sua participação na Copa. A regra é simples para algumas pessoas, “podemos perder um título, mas estamos na Libertadores”.
Um típico exemplo desta argumentação, o Corinthians de 2009; que faturou a Copa do Brasil, e conseguiu sua vaga na tão sonhada Copa Libertadores. O ano para o Corinthians havia terminado após a conquista. Para que disputar o Campeonato brasileiro, se já estamos na Libertadores 2010?
Os jogos do campeonato brasileiro eram para cumprir tabela, ou atrapalhar algum clube rival. Lembro-me do jogo entre Flamengo e Corinthians, na reta final do brasileiro. Um jogo vergonhoso para o Corinthians, sem raça, sem vontade, um jogo no mínimo facilitado para o time rubro negro, que não tinha nada haver com a história e acabou por fim se sagrando campeão brasileiro.
O Sr. destino é cruel, e assiste tudo por camarote. Oitavas de final da Libertadores, Corinthians dono da melhor campanha da fase classificatória, contra o Flamengo, que por pouco não foi eliminado da competição na primeira fase. Classificou-se aos 48 do segundo tempo, na última posição entre os clubes da fase eliminatória. Quis o Sr.destino assim!
O Sr. Destino calculou tudo, e com frieza reservou aos Corinthianos, aquele mesmo clube no qual eles ajudaram a faturar o brasileirão de 2009. Agora o ajudado é seu rival na tão sonhada Libertadores. O clube do parque São Jorge, ainda virgem das Américas, tem sua prova de fogo, mas como disse, o Sr. destino é frio e cruel.
Noite de quarta-feira, dia 5 de maio de 2010. O grande duelo estava para acontecer. A vantagem era rubro negra, visto que no Maracanã Adriano havia marcado de pênalti e selado a vitória rubro negra por 1 a 0. A maior torcida do Brasil comemorou, mas sabia das dificuldades, que iria encontrar no Pacaembu.
A massa alvinegra estava confiante.
O jogo começa e o Corinthians prontamente abre o placar. A pressão da torcida corinthiana empurrava o time para frente, e Ronaldo marca o segundo para o time alvinegro. Fim do primeiro tempo, o Corinthians vai pro intervalo com a vantagem.
Mas, em um setor ilustre das arquibancadas do Pacaembu, estava sentado um convidado ilustre, o Sr.destino. Convidado desde 2009, ele estava ali, esperando a hora certa, para atuar, e atuou.
No segundo tempo Vagner Love, marca para a felicidade da nação rubro negra e desespero da massa corinthiana. O jogo acabou, o Flamengo classificou e pro Corinthians o sonho acabou!
Libertadores no centenário? O Sr. destino não quis.
Nesta hora o Sr.destino levantou-se lentamente, observou a multidão a chorar, os jogadores alvinegros cabisbaixos, e disse firmemente:
- Eu avisei, sou frio e cruel! A Libertadores não é da Fiel...
E o Sr. Destino volta para casa, com a sensação de dever cumprido, sem dó, sem piedade, com a mesma frieza de sempre.
Pode-se passar 100, 200 anos, mas a Libertadores é assim, não é para quem quer, Libertadores é para quem pode.
Douglas Nacif.
[Libertadores 2010] A história do Sr. Destino
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Douglas Nacif
no dia 6 de maio de 2010
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2010-05-06T14:02:00-03:00
Douglas Nacif
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