A world without heroes.

O maior compromisso de um jogador de futebol é com eles...

Passei a manhã inteira procurando exemplos. Busca desnecessária. Não por não tê-los encontrado, mas por quase ter cometido uma enorme injustiça ao escolher apenas um deles. Porque eles estiveram, estão e estarão no meu cotidiano e no de vocês também. Assim, tratarei nosso personagem de forma genérica, porém tenho certeza de que o amigo aí será capaz de nomeá-lo.

Não sei se revelei aqui num desses nossos encontros, mas, apesar de burro velho, adoro super-herois. Não apenas aqueles dos quadrinhos que tanto li na infância, mas, sobretudo, aqueles que passaram, passam e passarão pela minha vida. Gente comum, sem poderes mutantes ou meta-humanos, que supera adversidades e muitas vezes deixa em segundo plano o interesse pessoal em detrimento de algo bem maior.

Ok, talvez seja uma forma ingênua de enxergar a existência, ainda mais partindo de um cara que ultrapassou os 30 anos. Talvez seja isso que contribua para essa personalidade chata e mau-humorada que costuma encher o saco do leitor, desde 2009. Talvez seja isso que, há horas, me faz sentir um completo estranho no ninho de mercadores que se transformou o tal mundo moderno. Nó na garganta, graças a Deus, atenuado pela certeza de que resta esperança. Materializada nos exemplos a que me referi no primeiro parágrafo, que não nominarei, mas sobre os quais um pouco falarei.

Todavia, antes de discorrer sobre meus super-herois de verdade, preciso lhe informar que meu super-heroi de mentira preferido é o homem-aranha. Porque o homem-aranha se fode que nem a gente. Porque o homem-aranha é sobrinho do Tio Ben. Porque o tio Ben me disse que "grandes poderes trazem grandes responsabilidades".

Responsabilidades, aliás, que não faltam a professores, médicos, enfermeiros e tantos outros homens de ferro e mulheres maravilhosas que talvez não ganhem aquilo que merecem ou não recebam as condições de trabalho ideais, mas que entendem que o compromisso direto deles não é com o filho da puta que os emprega, mas com seus alunos, pacientes, clientes.

Claro, compromisso moral esse que não pode ser justificativa para que não lutem por sua devida valorização. Porém, que deve fazê-los - e tenho certeza que faz boa parte deles - refletir antes de atitudes drásticas.

Consciência que faltou a Ronaldinho Gaúcho na hora de abandonar o Flamengo, embora, confesso, o rosto core ao ousar comparar um jogador de futebol a quem ensina lições de vida e a quem tem por ofício salvar vidas. No entanto, sejamos realistas, bom ou ruim, do jeitinho que decretou o antigo treinador, "o futebol não é questão de vida ou morte, é muito mais que isso."

É, no caso dos boleiros, seres detentores de grandes poderes, entender que assumem enormes responsabilidades, que não são escritas em pedaços de papel ou registradas em transações com filhos da puta que administram clubes, mas são firmadas nos corações dos milhões de fanáticos que, em meio à dura labuta, depositam neles toda a esperança de momentos de felicidade.

Ok, talvez seja uma forma ingênua de enxergar a existência, ainda mais partindo de um cara que ultrapassou os 30 anos. Talvez seja isso que contribua para essa personalidade chata e mau-humorada que costuma encher o saco do leitor, desde 2009. Talvez seja isso que, há horas, me faz sentir um completo estranho no ninho de mercadores que se transformou o tal mundo moderno. Talvez, inclusive, alguém ache hipocrisia.

Sinceramente? Não me importo, pra não dizer coisa pior. Because, recordando a canção do KISS, "a world without heroes it´s no place to me."

Definitivamente, um mundo sem herois não seria lugar pra mim...

Abraço!