Análise de Elenco - Internacional

Quis o acaso - e a ordem alfabética - que o Internacional seja o próximo time a ser posto na mesa do Papo de Buteco. Após o lado azul, vamos ao lado vermelho do Rio Grande do Sul.

Começou a temporada capengando. A campanha irregular na Libertadores encerrou após uma classificação milagrosa e uma dolorida eliminação para o Fluminense. O título gaúcho elevou o moral colorado que inegavelmente tem um dos melhores elencos um dos técnicos mais cobiçados do país.

Vamos logo ao que interessa, eis o elenco do Inter para o Brasileirão-12:

GOLEIROS - Renan, Muriel, Agenor, Alisson - Médios. Coincidentemente, todos formados na base do clube. Coincidentemente, todos razoáveis. Renan despontou como grande promessa mostrando um talento incrível sob as traves, sobretudo pela segurança que passava em suas atuações. No entanto, após ser negociado com o Valencia, perdeu espaço, foi repassado ao Xerez e retornou ao Inter muito abaixo de quando saiu. Instável e falhando muito, o gol do Inter passou a ser um grande ponto de interrogação desde a saída de Clemer. Muriel e Agenor curtem a onda de instabilidade e brigam em pé de igualdade com a ex-promessa. Muriel tem se dado melhor. Porém, não é um grande goleiro. Tem lá seu valor, mas está longe de passar segurança e ser uma unanimidade na torcida. Agenor não está longe dos rivais de posição. Ou seja, setor meramente mediano.

ZAGUEIROS - Bolívar, Índio, Rodrigo Moledo, Dalton, Romário - Boas opções. Bolívar e Índio são os mais experientes do grupo. Mais lentos, primam pela disposição e raça ao combater os avantes adversários. Alternam a titularidade conforme a situação. Embora não estejam na melhor forma, Índio ainda está em alta com a torcida. Bolívar não repetiu as boas atuações que o consagraram no bicampeonato da América (06-10) e já entrou na mira da torcida pelas fracas atuações. Ao meu ver, ainda assim é bom zagueiro e compõe bem o grupo. Moledo é outro monstro na zaga. Alto, forte e firme nos desarmes. Bom posicionamento e no jogo aéreo. Dalton e Romário são zagueiros promissores com passagens pelas Seleções de base. Podem ser úteis.

LATERAIS - Kleber, Fabrício, Lima, Nei - Nei é o dono da lateral-direita sem reserva à altura. Não é mau lateral, muito pelo contrário. Diante da escassez de bons nomes, Nei faz do Inter um privilegiado em contar com um especialista na posição. Rápido, ótima na bola parada e nos cruzamentos, Nei apoia bem e defende na mesma proporção. Pode não ter nível de seleção, mas também não compromete. Kleber reina do lado esquerdo. Cruzamentos sempre venenosos, prima pela qualidade no apoio ao ataque. Passa bem a bola e participa bem nas tramas ofensivas. Não marca tão bem, embora componha bem o setor defensivamente. Fabrício, que veio da Portuguesa, é bom reserva para Kleber. Muito veloz e perigoso no ataque, peca pela qualidade defensiva, funcionamento melhor como ala.


VOLANTES - Bolatti, Elton, Fransérgio, Guiñazu, Josimar, Sandro Silva - Pegadores. Bolatti veio da Fiorentina para unir-se aos hermanos D'alessandro, Guiñazu e Dátolo (recém-contratado). Marcação e posicionamento ótimos à frente da área e não faz feio na distribuição do jogo. Guiñazu, mesmo aos 33 anos, esbanja raça e disposição na marcação. Um leão no meio-campo colorado. Fransérgio chegou do Atlético-PR e, embora seja mais limitado, não é mau jogador. Elton tem aparecido bem e mostrado qualidade para compor o grupo. Sandro Silva, ex-Palmeiras, veio do Málaga ano passado. Considero-o ótima opção seja para os 11 iniciais, seja como reserva imediato. Além de marcar com qualidade, usa seu vigor físico para comparecer bem no ataque. Faz o feijão-com-arroz que todo técnico gosta e a torcida aprova.

MEIAS - D'Alessandro, Dátolo, Jajá, João Paulo, Oscar, Tinga, Zé Mário - Simplesmente ótimos. D'Alessandro, 'enjoado' meia argentino, habilidoso e catimbeiro, arma e finaliza como poucos. É o termômetro da equipe na criação. Dátolo chega para melhorar - e como! - o passe na meia-cancha. Fecha bem na marcação e também participa ativamente das tramas ofensivas. Tinga, experiente ídolo colorado, já não tem a mesma disposição para atuar como volante. Tem jogado mais avançado, mais próximo ao ataque. A qualidade no passe e nos deslocamentos continuam acima da média. Mesmo sem o vigor físico que o consagrou em 2006 na campanha do 1º título da Libertadores, Tinga ainda é peça de qualidade no meio-campo. Oscar é um meia incrivelmente talentoso com passagens pela Seleções de base. Dono de ótimo passe, visão de jogo apurada e remates certeiros, vive o imbróglio jurídico decorrente da sua saída do São Paulo. Faz imensa falta na armação. Por fim, Jajá, aos 26 anos já é um cigano da bola. Coleciona passagens por diversos clubes no exterior e este no Flamengo em 2007. Alto, mostrou ser rápido, ágil e muito bom nas conclusões. Boa contratação!

ATACANTES - Dagoberto, Gilberto, Marcos Aurélio, Leandro Damião, Jô - Dagoberto chegou do São Paulo esta temporada. Rápido e habilidoso, Dagoberto é um jogador de ciclos. Alterna grandes fases com direito a gols, assistências e ser protagonista do time, com períodos de forte descaso e comodismo na equipe. Parece que joga quando quer. Dá indícios de que é um talento desperdiçado. Ao mesmo tempo que é bom jogador, é relapso. Leandro Damião é o homem-gol colorado. Ótimo posicionamento e faro de gol apurado, Damião tem sido constantemente convocado para a Seleção Brasileira. Apesar de centroavante, desloca-se com facilidade e faz um bom pivô, boas tabelas pela área. Jô despontou no Corinthians e chegou como opção para o banco de Damião. Limitado, atualmente enfrenta alguns problemas disciplinares. O Inter venceu a concorrência do Corinthians e trouxe Gilberto, destaque do Santa Cruz. É um bom jogador. Rápido, arremata bem. É boa opção para o grupo. Marcos Aurélio fez seu nome no Coritiba. Rápido e inteligente, participa ativamente no ataque. Finaliza bem e arma bem o jogo. Atualmente está encostado, embora, na minha opinião, seja mais interessante tê-lo no banco do que Gilberto ou Jô.

TÉCNICO - Dorival Junior - Bom técnico. Dorival viveu a melhor fase de sua carreira até o momento no Santos em 2010 quando montou uma das equipes mais ofensivas e produtivas do Brasil. Levou o Paulistão e a Copa do Brasil daquele ano. Arma bem suas equipes, não teme em fazer alterações e não tem tiques retranqueiros. Mais experiente, pode encontrar no Inter a evolução que precisa para ser um técnico de ponta no cenário nacional.

ANÁLISE GERAL - Entendo que o Inter, ao lado do Corinthians, tem as melhores opções para o meio-campo do Brasil. Todo o elenco é equilibrado à exceção do gol. Zaga sólida, laterais equilibradas, meio pegador e criativo, ataque produtivo. Diante de tantos times "médios", o Inter pode encontrar na regularidade e qualidade do seu grupo o trunfo para, finalmente, triunfar no Brasileirão.


RESULTADO - Os colorados podem comemorar, pois a fase continua melhor que a do eterno rival. Vai brigar pelo título.