Sobre Assis

Antes de se consagrar como empresário, Assis foi jogador dos razoáveis. Surgiu no Grêmio, foi para o Sion, da Suiça (não tinha melhor lugar para aprender a operar seu $$), seguiu para Portugal, e rodou por Vasco e Fluminense, em 1996.

Em seguida, retomou o circuito Suiça-Portugal, experimentou o Japão, o Corinthians e México, jamais ficando mais de 1 ano em qualquer clube. Em 2001, articulou com seu irmão – um tal de Ronaldinho Gaúcho – sua saída repentina do Grêmio, e seguiu com o Dentuço para a França (RG10 para o PSG, Assis para o modesto Montpellier).

No fim do contrato, decidiu se aposentar, e virou o empresário do irmão talentoso, cuja carreira comandou soberanamente.

Dizem que a devoção de RG10 para com seu irmão vinha do fato de Assis ter tomado a frente da família, quando o pai faleceu.

Em 2003, levou Ronaldinho ao Barcelona, onde viu seu irmão reinar no futebol mundial, ganhando o prêmio de melhor do mundo FIFA.

Em 2008, quando ninguém em Barcelona aguentava olhar na cara de Ronaldinho – fruto de desleixo e muita balada –, Assis descolou o Milan para o craque.

Em terras italianas Gaúcho nunca se deu muito bem, e no começo de 2011 Assis achou que era hora de voltar ao Brasil.

De pronto, surgiram três interessados: Palmeiras, Grêmio e Flamengo. Cada um tinha seu trunfo. O Palmeiras vinha conversando há mais tempo; o Grêmio contava com a vontade do jogador de apagar sua saída melancólica de 2001; e o Flamengo, bom, tinha a loucura financeira costumeira.

Naquele início de mês de janeiro, Assis era o cara. Definiria onde a maior estrela dos gramados brasileiros iria jogar.

E aí ele gostou da história. Namorou com o Palmeiras e conversou de perto com Grêmio e Flamengo. Fez muito o eixo RS-SP-RJ, em presença ou por telefone. Costurou com os três envolvidos, que começaram a reclamar de leilão. Diziam que Assis fazia joguetes com propostas para levantar o salário.

O Palmeiras foi o primeiro a desistir da investida. Diziam que o ‘fator Assis’ foi fundamental.

Em seguida, o Grêmio já ensaiava festa para a apresentação de Gaúcho quando sofreu do ‘fator Assis’. Desistiu com direito a papelão.

O empresário, que já era odiado no Olímpico (em 2009, em jogo festivo de despedida de Darlei, foi vaiado em alto e bom som pela torcida gremista), agora não pode nem chegar perto do clube.

Com Palmeiras e Grêmio fora, Ronaldinho acertou com o Flamengo, com direito a apresentação de gala.

O que ficou evidenciado na história foi o método pouco liso de Assis para negociações, e o exagero nos valores obtidos do Rubro-negro, comprovados pelo tempo (o lado marketing de Gaúcho fracassou).

O peixe que Assis vendeu não vingou. A Traffic deixou o barco, e a bomba sobrou para o Flamengo, como já falamos aqui.

Em seguida, em evidência no Brasil, Assis é acusado por Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, de roubar a principal promessa da base do Galo e leva-la para o Inter:
“O contrato dele estava acabando. O Assis veio, ofereceu dinheiro para a família do Fred e levou o jogador. Ele opera para o Inter. Fala que é gremista, mas tira jogadores de outros times para colocar no Internacional. Ficou um tempo com o Fred e depois mandou para lá.”
Assis, cabe lembrar, ainda acha tempo para ser presidente do Porto Alegre Futebol Clube. O time, após disputar a série-A do Gauchão-10, hoje está no ostracismo.

Semana passada, Assis, que era acusado de usar o conhecimento obtido na Suíça e sonegar informações de transferências financeiras para o Banco Central.

Em primeira instância, condenação a mais de 5 anos de xadrez, em regime semi-aberto.

Recorrerá em liberdade, mas a espada está na cabeça.

Não sei se Assis fez de Gaúcho o melhor do mundo, ou se colaborou com a queda do jogador. Pode ter participado de ambos.

De qualquer modo, ganhou muito dinheiro para a família.

Assis é isso aí.

Tire suas conclusões.