Não se trata de uma sensação europeia, mas sim de uma constatação, um fato. O Barcelona vinha em uma crescente que atingiu o teto como um foguete. Se tudo que sobe, desce, não demoraria em vermos um dos maiores times da historia cair por terra. Não que o bom futebol sumiu, ou que os jogadores desaprenderam, e nada de especular que Guardiola se perdeu. O time simplesmente chegou ao topo. Durante três anos, ninguém soube como frear este time, só agora aparecem os primeiros triunfos. O Barcelona perde, mas de cabeça erguida.
Camp Nou lotado para duelo ente Barcelona e Chelsea, aproximadamente 95 mil almas. Confronto válido pela semifinal da UEFA Champions League. Barcelona necessitava vencer para ir a final, por sua vez, o time inglês poderia até perder. Os blues, porém, hoje jogaram de branco, foram bravos, arrancaram o empate e garantiram a vaga na final.
Pep Guardiola armou sua equipe com algumas pequenas variações, ora 3-3-4, ora 3-4-3, nada de inovador, tudo já visto em outras partidas. O homem da variação era Messi, o argentino recuava e se tornava o enganche no losango, e avançava tornando-se atacante ao lado de Sanchez. Outra variação, Busquets recuava e se tornava zagueiro ao lado de Pique, empurrando Mascherano e Puyol para laterais, assim 4-2-4.
Flagrante tático : Barcelona no inicial 3-4-3 com losango no meio campo. |
Flagrante tático : 4-2-4 do Barcelona, desta vem com Fabregas no lugar de Messi. |
Supremacia catalã desde os primeiros minutos. Salvo uma exceção deste jogo. Novamente o Barcelona pouco infiltrou, Cuenca sempre procurou a linha de fundo, Ashley Cole reinou sobre o garoto. Iniesta na ponta esquerda procurava o centro, mas o Barça teimava em não jogar por ali. Fabregas era coringa em duas variações, trocava de posição com Iniesta e Messi. A dificuldade em tabelar pelo centro deve-se ao fato do Chelsea amontoar jogadores frente sua área. Novamente o 4-1-4-1 que se tornava 4-5-1. Duas linhas inglesas bloqueando as tabelas e os passes curtos envolventes do adversário.
Voltando. A escola Barcelona, desde Cruyff, se impôs. Linhas adiantadas, zagueiros passando a linha de meio campo, sempre SETE ou mais jogadores no campo ofensivo. As pequenas sociedades do Barcelona estavam em constante movimentação, com bola e sem a mesma. Com posse de bola as triangulações se formam e os passes fluem. Sem bola as pequenas sociedades pressionam o adversário em campo alto o forçando ao erro. Primeiro tempo fechou com Chelsea acertando apenas 49% de seus passes, resultado da marcação catalã.
Flagrante tático : Barcelona com sete jogadores no campo ofensivo. Mascherano elemento surpresa. |
A proposta de jogo catalã era jogar pelos flancos e perto da área fazer diagonal. O grande problema foi que Cuenca jogou “solito” pela direita, não obteve vitoria pessoal sobre A.Cole. Quem sou eu para criticar Pep, mas creio que Cuenca tem menos “cancha” que Pedro, a experiência pesou. Quando os passes curtos pelo centro fluíram as grandes chances aconteceram, Messi regia as tabelas.
Sem bola, momento raro, o Barcelona tentava o bote em campo alto, caso o Chelsea passasse pela blitz, os jogadores recuavam. Dois esquemas poderiam ser vistos. 3-4-3 com losango no meio campo, ou, 4-3-3 com recuo de Busquets aprofundando entre zagueiros, Xavi na primeira função do triangulo de base alta, Fabregas e Messi como meias. Ainda existiu um raro 3-4-3 com meio campo em quadrado, pois Busquets e Xavi alinhavam, Messi e Fabregas de mesma forma.
Flagrante tático : Setas pretas 4-3-3, setas vermelhas 3-4-3 com meio campo em quadrado. |
Reparem na estatura dos “zagueiros” do Barça. Daniel Alves (1m73cm), Mascherano (1m74cm) e Puyol (1m78cm). Uma zaga nanica. Com mudança, Daniel Alves passou a ser o zagueiro pela direita, Mascherano pelo centro e Puyol mantido na esquerda.
Toca,roda, se movimenta, abre espaço, recebe... Assim é o Barcelona. Novamente o clube dominou seu adversário. O que explica a derrota? Talvez o fato do Barcelona perder a cobertura das laterais. Novamente Ramires em velocidade venceu a zaga, mas desta vez marcou o seu, golaço, ao melhor estilo Lionel Messi, encobrindo o goleiro.
Novamente Messi se posicionou entre a linha de meio campo e os zagueiros. Por vezes o argentino saía desta posição para dar maior liberdade ao falso-9 Alexis Sanchez.
A falta de diagonais, time pouco agudo resultou em um Barcelona menos objetivo. Foram apenas cinco chutes a gol contra três do Chelsea. No abafa o Barça sofreu o gol de empate, gol este que pregou o ultimo prego do caixão.