Copa do Brasil - Grêmio 3 x 1 River Plate-SE

Apesar da bravura apresentada pelos jogadores do River Plate-SE nos dois confrontos, deu Grêmio. Na noite desta quarta-feira, no Estádio Olímpico, os gaúchos derrotaram os sergipanos por 3 a 1, de virada - no jogo de ida, em Aracaju, o Tricolor venceu por 3 a 2, após sair em desvantagem no placar.

Lelê abriu o placar para o River Plate-SE, mas Marcelo Moreno, Werley e Léo Gago garantiram a virada tricolor. Com o resultado, somado ao jogo de ida, o time treinado por Vanderlei Luxemburgo está classificado para enfrentar o Ipatinga na segunda fase da Copa do Brasil.
ANÁLISE TÁTICA

Hoje se viu um novo Grêmio em campo, talvez um Grêmio que Caio Júnior tanto tentava pregar. Vanderlei Luxemburgo pôs em prática o que o futebol mundial entende como melhor esquema, 4-3-3 com triângulo de base alta no meio, dois pontas e um centroavante de área. Além deste novo esquema, o treinador utilizou do antigo 4-4-2 losango em momentos para equilibrar o time defensivamente.

Flagrante tático. 4-3-3 com meio campo e ataque bem definidos.
Filosoficamente o time respeitou as nuances deste esquema. Jogando pelos flancos com laterais fazendo dobradinha com os pontas, aproximação dos homens de meio e infiltração na área. Tudo muito bonito, mas faltou vontade ao time. Extrema posse de bola, porém faltava criação.

No 4-3-3 o time se alinhava da seguinte maneira: linha de quatro defensores – Gilberto Silva e Werley na zaga, Gabriel e Pará nas laterais; tripé de volantes – Fernando na primeira função, Souza e Marco Antônio mais a frente, alinhados; dois pontas - Bertoglio, ora como ponta, ora como meia-atacante do losango e Kléber inicialmente na direita, mas variava muito com Bertoglio; Marcelo Moreno homem da referência.

Com posse de bola o 4-3-3 se configurava, sem a mesma o losango era utilizado. Deve-se ressaltar que na transição ataque-defesa o esquema permanecia no 4-3-3 com atacantes cercando saída de bola. Em posicionamento defensivo efeito, o losango era visto. Este posicionamento defensivo era com linhas recuadas, sete jogadores efetivamente defendendo e tridente ofensivo pronto para o contra-ataque.

Flagrante tático. Grêmio no 4-4-2 losango. Desta vez, Kleber compareceu como ponta-de-lança do losango.
Ofensivamente o Grêmio saía do losango e partia para o 4-3-3. Bertoglio caía em um dos flancos e Kleber no outro. Ambos os pontas com movimentação, Kléber jogando de costas e fazendo pivô, Bertoglio partindo para cima da marcação. Pontas estes que trocavam de lado, sempre enveredando para o centro e abrindo corredor para o lateral. Quando o lateral não encontrava espaço, infiltrava ou ficava mais recuado. Cruzamentos sempre encontravam de dois a quatro companheiros na área – Moreno, pontas e por vezes M.Antônio.

Meio de campo avançava, mas não trazia consigo a linha de defesa. O espaço entre volante – Fernando – e zagueiros foi um complicador. Meio de campo avançava para servir como opção de passe e pegar rebote ofensivo, dentre os três, apenas Marco Antônio entrava na grande área.

Pará, destro jogando na esquerda, era previsível em suas jogadas, ele sempre tinha de girar o corpo para cruzar, com isto, pouco se viu cruzamentos pela esquerda. Gabriel, como de praxe, prefere a bola curta e pelo chão. Cruzamentos partiam dos pontas ou "volantes".

Marcação variou entre zona meia-pressão na transição defensiva com linhas adiantadas e zona meia-pressão em posicionamento defensivo efetivo.

Flagrante tático. 4-3-3 com jogadores de ataque dificultando saída de bola.
Luxemburgo antes do jogo explicou como o esquema funcionaria.
- Armação será entre Souza e Marco Antônio. Bertoglio como um meia-atacante chegando à frente para finalizar. Atacantes precisam voltar para compactação.
Pode ser o inicio de uma nova era, mudança de paradigmas do futebol brasileiro, ou, apenas um teste de Luxemburgo. É esperar para ver.

OBS: Segundo tempo foi totalmente atípico. River com um jogador a menos, extremamente cansado, abdicando de atacar e Grêmio acabou dominando a partida. Resultado de 3x1 merecido.

Texto de Eduardo Papke para a coluna Nó Tático.