Depois eles reclamam dos Estaduais.

659 pagantes...
Saí do trabalho por volta das 16:30 horas. Estava um calor desgraçado. Coisa de uns 30, 31 graus Celsius, tranquilo. Sem vento e com o ar costumeiramente seco aqui de Guará, meu camarada, a tal sensação térmica devia ser de 35 graus, brincando.

Mais cedo um pouco, meu pai ligara de Volta Redonda, onde trabalha, e dissera que lá também estava insuportável. Que não via a hora de ir embora para casa, em Morro Azul do Tinguá, para aproveitar a fresca gostosa que só a serra proporciona.

Aproveitando a deixa, perguntei ao meu nobre progenitor se ele sabia de algum jogo do Fluminense na Cidade do Aço, hoje, marcado para as 17 horas. Expliquei o questionamento, a princípio idiota, confessando a esperança de que essa Volta Redonda da partida que li nos jornais fosse alguma cidade da Europa ou qualquer outra desse mundão de Deus situada em um fuso horário bem à direita do de Brasília.

Em resumo, até aquele momento, ainda não acreditara que uma peleja do campeão da Taça Guanabara houvera sido marcada para as 17 horas em uma cidade brasileira, sob o mesmo calor desgraçado que me fizera chegar em casa pingando gotas de suor parecidas com as de uma chuva típica de verão.

Tese reforçada pelo acontecimento simultâneo ao jogo do Flu de vários amistosos internacionais de seleções. Porque, como ocorre na minha vida desde garotinho, a tarde futebolística foi feita para curtir o que de melhor rola lá fora. Normalmente, um belo aquecimento para as emoções noturnas daqui. Nesta quarta, com direito a Messi, Alemanha, Espanha, Holanda, Inglaterra e França.

Mas, enfim, já conformado, fui procurar a explicação para os atletas do, diria Gérson, o Canhota de Ouro, campeoníssimo carioca serem submetidos a um forno de potência por pouco não semelhante aos que a Companhia Siderúrgica Nacional utiliza para forjar as ligas de aço.

E as suspeitas de sempre se concretizaram: o horário do jogo fora determinado pela emissora detentora dos direitos de transmissão da certame, cujo nome, creio, não preciso lembrar, e acatado, sem reclamações, pela federação e pelo clube.

E o mais engraçado - digo, triste - é que depois há jornalistas da própria emissora detentora dos direitos de transmissão do certame, cujo nome, creio, não preciso lembrar, que vêm, na maior cara-de-pau, descer o cacete nos Estaduais sem citar a enorme "contribuição" que seu empregador traz para a falência deles.

Ora, me falem por favor, como é que se leva um grande público ao estádio no período vespertino, no meio da semana, debaixo de um sol escaldante? Sem contar a concorrência na própria TV, com a transmissão ao vivo de 4 campeãs mundiais, além da atual vice.

Eu mesmo, embora um apaixonado convicto pelo Tricolor, várias vezes mudei de canal para fugir - rumo a Wembley ou Bremen, por exemplo - dos gritos do técnico-narrador chato pra caramba Paulo Campos, do Resende, e do cenário desolador das arquibancadas do simpático, mas vazio, vazio, Raulino de Oliveira.

Ah, em tempo, o jogo terminou 2 a 1 pros caras. Como foi vocês contam aí nos comentários. Preciso de um copo d'agua urgente.

Cansei.

Abraço!