Como se fosse burro.

Ok, partamos do princípio UTÓPICO de que o cidadão brasileiro NORMAL possui dinheiro sobrando no orçamento familiar para ajudar seu clube a contratar um jogador. Sabe aquela sobra de todo mês, o dinheirinho da cerveja, aquele que, depois de "N" MUITOS meses é revertido na compra da geladeira que a patroa sonha, do videogame que o bacuri te perturba para ter, ou daquela televisão de última geração que tornará o teu domingo futebolístico ainda melhor? Então, imagina, viaja na maionese aí, e finja que ela acontece sempre e tu, abastado, resolveste torrar uma parte para ajudar seu time do coração na aquisição do "craque" que te encherás de alegrias nas rodadas ao longo do ano.

Mas, antes de falarmos de craques, "craques", campeonatos e rodadas ao longo do ano, conversemos um pouco sobre geladeiras, videogames, e aquela televisão, a de última geração, que tornará o teu domingo futebolístico ainda melhor.

Bom, de geladeira não entendo nada. E como a patroa - sem trocadilhos infames, por favor - mora longe, acabei de pegar a dica com uma colega de trabalho: "Indica pra ela a Frost Free da Electrolux. Já a tenho há dois anos e nunca tive problema". E a danadinha parece ser legal mesmo: tem um tal de "Drink Express" pra gelar a loira do guerreiro rapidão, painel eletrônico, um porta-latas removível pras latinhas do papai, e, o melhor, não precisa ser descongelada nunca, o que me pouparia em sofridos queixumes por parte da gloriosa Dona Encrenca.

Bem, de videogame saco um pouco. Melhor, sacava mais. Na época do Atari, do Phantom System, até o Super Nintendo. Mas, pelo que ouço a molecada comentar, andam na moda o X-Box 360 e o Playstation 3. Creio, por causa dos gráficos avançados e de outras mil e uma utilidades, entre elas a possibilidade de acesso a internet. Coisa de louco para quem, feito eu, é do século passado.

Falta a televisão. Que não chega a ser uma de minhas especialidades, porém assunto mais simples de arriscar palpites. Que tal uma Samsung Led, fininha, fininha, telona enorme, ligada à web? Os gols do Messi e as pernas daquela atriz formosa ficarão do jeito que você pediu a Deus, hã?

E por falar no maior craque atualidade, voltemos aos "craques", campeonatos e rodadas ao longo ano para falar do que parece ser a nova moda entre os clubes do país: contar com o apoio financeiro do torcedor quando da contratação de reforços.

Foi assim que o Corinthians tentou repatriar Christian, o São Paulo, Nilmar, o Palmeiras tenta, agora, Wesley. É assim que qualquer outra agremiação apenas TENTARÁ e NADA conseguirá com ações de tal natureza.

Primeiro, porque não estamos em um mundo de Alice. No real, nosso mundo cão, o cidadão brasileiro NORMAL mal consegue satisfazer suas nececessidades básicas, que dirá destinar uma parcela de sua verba com gastos com um time de futebol.

Segundo, porque mesmo aqueles mais fanáticos, dispostos a sacrifícios por suas paixões, dificilmente apostariam seu suado dim-dim em jogadores não muito além de medianos. Feito ninguém investe em uma geladeira, um carro, uma televisão, um videogame, ou qualquer produto de qualidade duvidosa ou de preço acima do justo.

Há uma condição essencial para a elaboração de uma boa estratégia de marketing: é preciso conhecer a fundo o cliente, para que se possa impressioná-lo, conquistá-lo, usando o termo da moda, encantá-lo.

Sinceramente, enquanto torcedor, isso deveras me preocupa. Porque, em meio a iniciativas estapafúrdias destas, chego a conclusão que o pessoal do marketing dos clubes não me conhece ou não têm uma boa imagem a meu respeito. Quer saber? No final das contas, acho que eles me acham meio burro. Pois como se fosse burro é que me tratam...

Abraço!