Apenas um feedback de um leitor/telespectador.

Embora não seja jornalista, de informação entendo um pouco. Não da veiculada ao público via jornais, revistas, televisão e internet. Mas, da aeronáutica, aquela disponibilizada para os pilotos nos aeroportos de todo o mundo.

Não sei se já falei aqui, na página do perfil dos colunistas tem, sou técnico em informações aeronáuticas. Profissional cuja principal função é disponibilizar aos aeronavegantes, feito o próprio nome sugere, toda e qualquer informação que eles necessitem para realizar seus voos de maneira segura, regular e eficiente - já perdi a conta de quantas vezes ouvi e falei essa frase.

Sendo assim, para que desempenhemos nossas atividades de maneira satisfatória, é essencial que sempre forneçamos às tripulações informações atualizadas, no menor tempo possível, visto o intenso dinanismo com que flui a aviação moderna. Rapidez, claro, que não pode prejudicar em hipótese nenhuma a confiabilidade do que é transmitido, sob pena, em última instância, de se contribuir até mesmo para a ocorrência de um acidente aéreo.

Repara, então, que, no meu ofício, a ânsia da velocidade não está nunca acima da confiabilidade. Palavra-chave intimamente ligada a outro substantivo vital em qualquer área de atuação: a credibilidade.

Mas, voltando às informações de depois do expediente, as esportivas, ontem, no final da tarde, início da noite, se não falha a memória, foram divulgadas as primeiras notícias sobre a demissão de Luxemburgo do Flamengo, gerando um bafafá tremendo, posto que o Rubro-Negro iria a campo poucas horas depois em importante partida pela Libertadores.

Dever de casa cumprido por Ronaldinho Gaúcho e seus companheiros, o vento pareceu virar para o lado da Gávea. Não por conclusão minha, mas pelas manchetes dos sites esportivos, elaboradas com base em declarações da presidenta do clube, Patrícia Amorim. Aparente alteração de rumo geradora de intensa revolta nos torcedores, que não hesitaram em acusar a mídia de pretender abalar o ambiente no hexacampeão brasileiro.

Ira de intensidade devidamente ampliada pelas redes sociais da moda, que também serviram para a "vingança" da demonizada imprensa, quando do anúncio, hoje, da efetivação da queda do treinador.

Feito expliquei, ou tentei explicar no começo do texto, se você não entendeu fica à vontade para perguntar, um dos mais graves erros que posso cometer no meu trabalho é disponibilizar informações aeronáuticas desatualizadas a um piloto. Porque fazendo isso - quanto mais vezes, pior -, no mínimo, contribuo para jogar minha credibilidade, o tal outro substantivo vital a qualquer área de atuação, no lixo.

Não é preciso viajar muito no passado para buscar os casos, a imprensa esportiva brasileira vem se especializando em "cravar" - acho que esse é o jargão do meio -,nem ao menos ponderar, notícias furadas, talvez na pressa de trazê-las em primeira mão.

Teve Neymar que foi pro Real, mas ficou. Luxa que foi demitido, não foi, foi de novo. Sem contar Tévez e Seedorf no Corinthians, Nilmar no São Paulo e outras inúmeras "barrigas" dos feras dos teclados. Bolas foras que fatalmente contribuem para a má vontade do leitor/telespectador para com o setor.

E olha que me abstenho de entrar na questão da imparcialidade. Pois, falo apenas por mim agora, não nutro a mínima ilusão, melhor diria, a pretensão, de achar que um jornalista - quiçá todos - será cem por cento neutro em uma análise ou na maneira de, por exemplo, se veicular uma manchete, embora pense merecer receber a informação o menos deturpada possível para que estabeleça meu próprio conceito a respeito.

Além disso, chama atenção o comportamento de certos profissionais nas redes sociais em relação a críticas recebidas por parte de seus "seguidores". É importante não generalizar, mas uma quantidade considerável responde a elas com altas doses de arrogância e irritação. O que não caberia nem em casos extremos, já que são esses mesmos profissionais que crucificam os jogadores quando protagonizam gestos de destempero em relação ao torcedor. E, aos nossos olhos, vocês, jornalistas, do mesmo jeito que os boleiros, são pessoas públicas.

Aliás, é necessário enfatizar essa aproximação que a internet trouxe na relação jornalista/público, a qual ambas as partes parecem não estar preparadas para aproveitar. Hoje, devido à fartura de meios de obtenção de informações, brinca-se de jornalista fácil, fácil. Assim, cabe aos senhores mostrarem que jornalismo é coisa séria. Nas questões simples, como o uso da Língua Portuguesa, que bastantes diplomados maltratam. Nas mais complexas, como na paciência para aturar esse bando de babacas a que a web deu voz.

Vale ressaltar que esse texto não é uma crítica. Por que escrevo um blog há um bom tempo ,talvez passe a intenção ou a pretensão de me considerar jornalista. Não, não me considero. O máximo que tenho de comunicação em minha formação acadêmica são matérias de marketing e propaganda na graduação e na pós. E conhecimento técnico é para ser respeitado.

Esse texto é apenas um feedback. Justamente para que vocês não permitam que outros amadores feito eu, que só escrevem em blogs, ou Twitters, ou Facebooks, e não respeitam o conhecimento técnico que vocês adquiriram na faculdade se considerem jornalistas. E, o mais triste, jornalistas melhores que vocês.

Sejam diferentes.

Abraço!

P.s: Jura que vocês acreditam em cartola?