Sobre o caso Montillo (Parte 1/2 - Negociata)

Depois de Fina Estampa, a principal novela da virada de ano foi a transferência de Montillo ao Corinthians.

Dizem que ela começou em outubro, quando São Paulo teria procurado o Cruzeiro, e o Corinthians o empresário do jogador, Sergio Irigoitia, que mais tarde viria a se tornar o grande protagonista da trama.

Eu, mesmo sempre atento às novidades do futebol, só reparei na novela na premiação da CBF aos melhores do Brasileirão-11.

Me chamou a atenção que, em entrevista no final do evento Montillo se dizia feliz em sair de férias, mas avisava o Cruzeiro que se quisesse mantê-lo teria ‘que fazer alguma coisa’.

Eu fiquei me perguntando se o contrato estava errado, se havia alguma brecha. Me perguntava o que o Cruzeiro tinha que fazer para mantê-lo.

Pouco depois, percebi que o que o Cruzeiro precisava fazer era simples: $$$.

A armadilha estava preparada, pois Montillo recebeu do Corinthians a oferta de 1,8 milhão de euros em luvas e salários mensais de R$ 500.000,00.

Com isso, o Corinthians armou um aliado importante: o jogador.

O mecanismo é sorrateiro, mas não sei se antiético. O clube comprador oferece muito em luvas e salário, e volta o jogador contra o clube vendedor.

Isso tudo, somados à dificuldade financeira que o Cruzeiro atravessa e à vontade do ex-presidente Zezé Perrella, colocaram o atual presidente Gilvan de Pinho Tavares contra a parede.

Mas o dirigente não cedeu e estipulou um preço para quem quisesse levar o argentino: 15 milhões de euros.

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O Corinthians oferecia cerca de 8, quase a metade. A lacuna era grande...

Com este cenário, foram diversas as declarações de Montillo (e seu empresário) tentando cavar sua saída. Disse que não poderia ‘perder a oportunidade’, que ‘tem que pensar em primeiro na família’, etc.

O empresário foi além. Brincou de telefone sem fio entre os clubes, enrolou, insistiu, mas não conseguiu. Pelo menos no 1º round.

Na virada do ano, Gilvan disse que o preço de Montillo subiria dos 15 milhões. O Corinthians foi a 8,3 milhões, mais 3 jogadores.

Gilvan bateu o pé, não atendeu o Corinthians e deixou os paulistas revoltados, o que ocasionou uma suposta retirada de proposta.

Foi então que Montillo mudou o discurso, e disse que ‘sempre quis o Cruzeiro’, etc.

Papo furado.

Tentou se reunir com Gilvan para forçar a ida, mas foi enrolado pelo dirigente, que postergou uma definição para hoje (só acredito vendo).

Montillo e seu empresário vão cobrar um aumento significativo, dispostos a forçar a barra para a saída se não obtiverem sucesso.

A novela está nas mãos de Gilvan de Pinho Tavares.

Aguardemos os próximos capítulos. Eles ditarão muito do futuro do futebol brasileiro, conforme se verá na 2ª parte do pitaco.