O que é ser um clube grande?


A discussão é antiga.

E foi ressuscitada por Macnelly Torres, ao afirmar que o Vasco da Gama não é um dos maiores clubes do Brasil. E se à primeira-vista irrita, a polêmica e imbecil declaração, ao menos, serve de consolo.

Que fiquemos tranquilos, jogadores de futebol desconhecedores dos bastidores de sua profissão não são um "orgulho" exclusivamente nacional.

Boleiros com cérebro de ameba povoam todo canto. Mas, enfim, nos gramados, o que significa ser grande?
Alguns afirmam que é ser tradicional. Outros, que é ter estrutura.
Mais uns, juram que é conquistar muitos títulos. Argumentos e contra-argumentos existem aos montes.

Se o fator organização, por exemplo, fosse o determinante, meu Fluminense já teria se tornado um nanico há tempos.

Assim como o Chelsea, o brinquedo de Abramovich, não seria considerado um dos gigantes europeus, caso apenas a História contasse.

Pergunta sem resposta? Algo que não se explica, como uma espécie de postulado da matemática?
Acho que não.

Ser grande, parafraseando Mário Sérgio Cortella, não é ser famoso, mas, sim, importante.

Importante para milhões, tal qual os times de massa.

Importante, mesmo que para poucos, tal qual os "pequenos".

Semana passada, ou retrasada, não lembro, assisti a um duelo entre Leeds e Arsenal, pela Copa da Inglaterra.

O Leeds, para quem não sabe, já foi um dos times de ponta na Terra da Rainha, mas, em função de problemas financeiros, perambulou, nos anos recentes, pelo purgatório das divisões inferiores e está, agora, na segundona.

Mas e daí?

Apaixonados, seus torcedores fizeram uma festa alucinante na casa adversária, que contagiou seus anônimos, porém valentes jogadores, que conseguiram um honroso empate diante dos poderosos Gunners.

Como, então, duvidar da grandeza de uma instituição dessa?

"Grande é grande, em qualquer divisão", afirmou o narrador Jorge Iggor, do Esporte Interativo, à ocasião.

Mas e quem não teve um passado de glórias ou não consegue dinheiro para crescer, não merece ser lembrado?

Ora, amigos, como caçoar da enormidade de um Volta Redonda, que levou um senhor a gravar um filme sobre a épica campanha no Carioca de 2005?

Como esquecer de um Madureira, cuja adoração de um adolescente fez nascer uma torcida das mais vibrantes?

Como desprezar um Bangu, o América, a Portuguesa, a Ponte Preta, o ABC, o CSA?

Parece clichê, mas é fato. A grandeza de um clube está no coração da gente. Lá e somente lá. Não importa o resto.

Boa quarta e um abraço!