Papo de balcão #4 - A chapelaria Neymar voltou! Você é contra ou a favor?

http://blog.miltonneves.ig.com.br/wp-content/uploads/2009/03/pele_neymar.jpg

O jovem craque Neymar gosta de polêmica! Quando Neymar aplicou um chapéu em Chicão, na vitória do Santos sobre o Corinthians no Paulistão, a nação corinthiana chorou, esperneou e rotulou o craque, que agora também é comandado por Mano Menezes na seleção.

Ontem, quinta-feira (2/09) pela 18ª rodada do Brasileiro, Neymar voltou a fazer arte. Arte em dois sentidos, arte no sentindo "pitoresco" da palavra e arte no sentindo de "travessura". Fez um golaço, jogou muito, driblou, apanhou e deu um lençol no volante Marcinho Guerreiro, com a bola parada .

Uns acham legal, natural, demonstração de habilidade, a marca de um craque, outros não concordam, acham que é deboche, desnecessário. Um dos mais experientes do elenco santista, Edu Dracena é destes que não acharam legal a atitude da joia da Vila Belmiro.
"Quando a bola está parada é complicado. O Neymar está fazendo num impulso. É da idade, mas estamos conversando para que isso não aconteça. Tira o foco da nossa vitória para um lance só do jogo. Não vê o que o time está representando. Acho que não é legal fazer isso com bola parada. Temos que respeitar a idade dele, mas auxiliar para que não venha a acontecer de novo" - disse Dracena.

Que Neymar mostrou como sempre seu futebol alegre, moleque, "artereiro" é fato, mas realmente precisava do chapéu? Não sei se precisava, mas o fato é, é lindo de se ver. Dá brilho ao futebol desgastado dos tempos atuais.

Que fique claro. Só não podem ficar enchendo o moleque por causa de lances assim, coibir o futebol arte é quase um pecado! Já basta ter que aguentar este futebol mecânico e "sem graça", onde priorizam a brutalidade e a marcação a todo momento.

Como sou admirador do futebol "moleque" e tenho como referência o gênio das pernas tortas, nosso querido Garrincha, que também fazia um circo com a bola nos pés, não posso reclamar! Posso é mostrar, que o futebol arte, esse sim é escrito nos livros. Portanto, separei alguns trechos que mostram a admiração do futebol arte!

Garrincha

"Garrincha foi além: ele foi o homem que deu mais alegria em toda a história do futebol. Quando ele estava lá, o campo era um picadeiro de circo; a bola, um bicho amestrado; a partida, um convite à festa. Garrincha não deixava que lhe tomassem a bola, menino defendendo sua mascote, e a bola e ele faziam diabruras que matavam as pessoas de riso: ele saltava sobre ela, ela pulava sobre ele, ela se escondia, ele escapava, ela o expulsava, ela o perseguia. No caminho, os adversários trombavam entre si, enredavam nas próprias pernas, mareavam, caíam sentados."

Os engraçados

"Júlio Pérez, um dos campeões uruguaios de 50, levantava meu ânimo quando eu era criança. Era chamado de Pataloca, porque se desarticulava no ar e os adversários arregalavam os olhos: não podiam acreditar que as pernas voassem por um lado e o corpo voasse por outro, longe. Depois de fintar um monte de jogadores com aquelas jogadas marotas, Júlio Pérez retrocedia e repetia diabruras.

Nós, torcedores, festejávamos aquele folião das canchas, e graças a ele ríamos a bandeiras desfraldadas. Alguns anos depois, tive a sorte dever o brasileiro Garrincha, que também se deleitava inventando piadas com as pernas e que, às vezes, quando já estava pertinho do gol, dava marcha ré e começava tudo de novo, só para prolongar o prazer."


Gol de Garrincha

"Foi em 1958, na Itália. A seleção do Brasil jogava contra o Fiorentina, a caminho do Mundial da Suécia. Garrincha invadiu a área, deixou um beque sentado e se livrou de outro, e de outro. Quando já tinha enganado até o goleiro, descobriu que havia um jogador na linha do gol: Garrincha fez que sim, fez que não, fez de conta que chutava no ângulo e o pobre coitado bateu com o nariz na trave. Então, o arqueiro tornou a incomodar. Garrincha meteu-lhe a bola entre as pernas e entrou no arco. Depois, com a bola debaixo do braço, voltou lentamente ao campo. Caminhava olhando para o chão, Chaplin em câmara lenta, como que pedindo desculpas por aquele gol, que levantou a cidade de Florença inteira."

Os trechos em itálico foram retirados do Livro de Eduardo Galeano, Futebol ao sol e a sombra. O buteco recomenda a leitura!

E termino nosso papo de balcão com mais uma pérola de Eduardo Galeano:

"Não passo de um mendigo do bom futebol. Ando pelo mundo de chapéu na mão, e nos estádios suplico: - Uma linda jogada, pelo amor de Deus! E quando acontece o bom futebol, agradeço o milagre - sem me importar com o clube ou o país que o oferece".

E você é contra ou a favor da atitude de Neymar?

Um forte abraço,

Nacif