Flair-Play. Aconteceu ou não?



Antes de falar do polêmico lance do atacante Kléber, no empate em 0 a 0 entre Palmeiras e Flamengo, pela 10ª rodada do Campeonato brasileiro, devemos primeiramente entender de onde surgiu este termo, o tão comentado fair-play.

Fui pesquisar a história do futebol, para evidentemente saber como o fair-play realmente surgiu. E nessas idas e vindas proporcionadas pela internet, acabei parando no ótimo blog do amigo PCFilho, o Jornalheiros.
Como o texto do amigo Paulo César está impecável, vou reproduzir o trecho no qual é citado o surgimento do fair-play.

"Transcorria um disputado Fluminense x Botafogo, pelo Torneio Rio-São Paulo, em 27 de março de 1960. Alguns dos maiores ídolos da história tricolor estavam em campo: Castilho, Pinheiro, Altair, Waldo e Telê, entre outros. O pó-de-arroz acabaria sendo o campeão do torneio. No lado do Botafogo, estava Garrincha, e somente isso já justificaria a presença dos 32.653 pagantes daquele jogo. Os dribles do Mané arrebatavam de emoção as multidões. Até os torcedores adversários se rendiam em aplausos.


Porém, nesse clássico-vovô de 1960, foi uma atitude louvável do Anjo das Pernas Tortas que chamou a atenção de todos. No início do segundo tempo, Pinheiro (do Fluminense) disputou uma bola com Quarentinha (do Botafogo), e caiu com distensão muscular. A bola sobrou limpa para Garrincha, que tinha o caminho livre para o gol. O que fez Garrincha, nesse momento sublime? Chutou a bola, de forma proposital, para a lateral, para que o zagueiro tricolor fosse atendido. O jornalista Mário Filho, nas tribunas, se empolgou: "é o Gandhi do futebol", exclamou ele.

O lance já teria sido belo e eterno se parasse por aqui. Porém, houve uma continuação épica, que mudaria para sempre o destino do futebol mundial. O tricolor Altair, encarregado da cobrança do lateral, simplesmente deixou a bola quicar. Ele percebeu que aquela posse de bola pertencia ao Botafogo, e não ao Fluminense. Assim, com esse gesto nobre, fez justiça com as próprias mãos. Todos no estádio entenderam a mensagem, e aplaudiram o lance.

Dessa forma, Garrincha e Altair inventaram o fair-play. O jogo terminou 2 a 2. "Tal partida não merecia produzir um perdedor", diz Ruy Castro, em seu livro 'Estrela Solitária - Um brasileiro chamado Garrincha'. "

Sim amigos, Garrincha e Altair inventaram o fair-play. Um jogou a bola para fora e o outro a devolveu. Um ato tão grandioso, tal como foi Garrincha para o futebol.

Mas a polêmica Kléber e o não fair-play, foi simplesmente rídicula.
Kléber não teve culpa alguma, deveria é ter feito o gol. Apesar da grande confusão que iria  se formar no jogo, ou uma pancadaria generalizada.

Mas vamos aos fatos.

O lateral Júnior César estava no chão, se estava machucado ou não, é questão da consciência do rapaz. Detalhe primordial, a bola estava na posse do Palmeiras, então, a bola foi colocada para fora pra que o rapaz fosse atendido.

Até ai, sem problemas. O fair-play por parte dos palmeirenses foi promovida!

Como Altair em outrora fizera, o que deveria ter feito os Flamenguistas?
Devolver a posse de bola ao Palmeiras não é mesmo...

Mas o confuso árbitro deu uma bola ao chão.

Pronto! Era só algum jogador do Flamengo chutar a bola para o campo do Palmeiras e tudo resolvido.

Mas o que aconteceu?

Ninguém ou nenhum dos jogadores do Flamengo se propuseram a chutar a bola.

Kléber se indignou! E com razão, diga-se de passagem...

O time rubro-negro queria passar o tempo, fazer a famosa "cera", no final de jogo.

Kléber insistiu várias vezes, com alguns dizeres do tipo : "chuta logo pown!", chuta, chuta...

A rede Globo, não quis comentar a atitude dos jogadores do Flamengo, ou mostrar o vídeo do Kléber insistindo para os jogadores chutarem logo. Insistemente, mostraram o vídeo de Kléber, já nervoso, correndo com a bola e o "bololô" na área.

Veja o que Kléber disse sobre o polêmico lance :

"A bola era de quem? Do Flamengo por que o Junior Cesar caiu? Se eles quisessem colocar para fora, chutariam. Não preciso devolver, eles que tinham de devolver. Continuei porque para mim a bola era nossa. Dei a chance de chutarem para fora. Mas eles seguraram o jogo o tempo todo. A bola ia ficar no chão e ninguém faria nada. Peguei e fui para o gol".
"Foi nítida e clara minha reação quando a bola ficou no chão. Pedi para jogarem fora, por que não jogaram? Porque isso era bom para eles, ia acabar o tempo. Isso é fair play? O lance foi parado pelo jogador deles, o mínimo que deveriam fazer era chutar para fora", acrescentou.

"Tem muita hipocrisia. Fair play só é bom para o seu time, para os outros não. Felipão fala que quando acontece isso, temos de jogar no mesmo lugar onde o jogo parou", comentou.

"Aí eles devolvem para nós lá no nosso gol. A gente faz o que é correto e eles o que acham correto, mas aí somos prejudicados. Achei que a bola era nossa, pedi para chutarem fora várias vezes. Eles acharam que deveriam ficar parados para ganhar tempo, cade o fair play deles?", afirmou.

Após o jogo, os jogadores do Flamengo criticaram Kleber por conta da atitude. O atacante respondeu e também fez críticas aos adversários.

"Se eu faço o gol, talvez estaríamos brigando lá até agora. Não é questão de ser legal ou não. É legal o árbitro falar que falta bate no apito e o cara não espera? É legal chutar com o lance parado por cima do Marcos para ganhar tempo?", retrucou o ídolo palmeirense.

"Foi pênalti em mim e, se é fair play, ele (infrator) tem de ir lá e falar que fez a falta. Mas não, foi pedir cartão para mim. Aí eu não tenho fair play? Falei para ele chutar para fora porque a bola era nossa. Ele não chutou, eu peguei. Não vi fair play deles. O árbitro deveria ter falado para alguém chutar a bola fora. Achei que precisávamos ganhar e fui para o gol. Eles fizeram cera o jogo inteiro", esbravejou.

O fair-play não foi realizado pelo Flamengo.

O jogo em si, foi péssimo. Tanto é que a maioria dos comentários pós-jogo, foi por este lance deplorável.

Um forte abraço,

Douglas Nacif.
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